A onipotência divina inexplicavelmente transformada em desígnios de bondade preparou o aconchego da felicidade para todas as suas criaturas.
Construiu então, com sabedoria, o edifício da vida.
E com um simples faça-se, criou a água, a terra, a luz, as plantas, os pequenos e grandes animais que desfrutaram de um ambiente de perfeita integração.
Enfim, o onipotente apresentou suas obras primas à natureza já criada. Primeiro, o homem, Adão, depois, numa arremate magistral, a mulher, Eva. “Esta foi criada para ocupar uma posição de honra no mais unido e mais sublime trono da glória da vida – a glória do homem”.
A primeira mulher não correspondeu ao pensamento divino, não foi fiel ao criador.
Culpada!… Foi a palavra que ouviu como veredito pronunciado por Deus, depois que ela escutou as diabólicas propostas do maligno tentador, comendo o fruto proibido e envolvendo ainda o marido em sua rebeldia e desobediência.
Eva não constestou a sentença e conformou-se com a sua condição de pecadora.
Com certeza, dessa malfazeja realidade surgiu o pretenso destino de inferioridade da mulher.
Entretanto, um fato inusitado revolucionou o recém-criado universo. Eva deu à luz um filho, o que jamais havia acontecido na criação.
Eva ficou tranquila, pois, sentiu e sabia que o senhor estava presente em sua pessoa. Considerou-se perdoada, feliz e santificada.
Era o milagre da maternidade que surgia para a salvação de toda a humanidade. A tamanha dimensão do acontecimento chegou a anular a ira de Deus, transformando-a em perdão, prêmio, graça e amor.
De culpada, Eva, que quer dizer mãe de todos os seres humanos tornou-se alvo de reparação e mérito.
A maternidade transformou a Terra em Céu.
E a mulher-mãe é o símbolo desta transformação privilegiada. Pois, a mulher coopera quase divinamente na obra da criação humana.
As honras e glórias da maternidade estão condicionadas às suas responsabilidades.
Educar, cuidar e amar os filhos, sofrendo, dando-se e doando-se continuamente… A maternidade é o gesto divino por excelência e a razão de ser de toda a criação.
Sem querer chegar ao exagero do que disse Victor Hugo, lembremos as suas palavras: A sociedade mais moralizada e, direi até, mais feliz é aquela em que todas as mulheres são mães, incluindo aqui aquelas, abnegadas mães que apenas espiritualmente se dedicam ao empenho da formação e guarda de numerosos e privilegiados filhos.
E unidas ao universo inteiro, genuflexas numa atitude de mais fervorosa prece, prestemos o nosso preito de gratidão, admiração, respeito e amor a todas as mães do mundo.
Mãe, palavra sagrada, cuja rima ainda não foi descoberta pelos filósofos e amantes da nossa língua.
Mãe, cujas incontáveis definições ainda não satisfazem à grandiosidade que a palavra encerra.
Por isso, alguém chegou até a afirmar que a melhor, mas completa e mais perfeita definição, de mãe é:
Mãe é mãe…
(*) Autora do livro – Retalhos do Cotidiano.