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Haveria um sonho, talvez em preto e branco, no qual todas as dores estariam extintas e a obrigação de ser feliz morta. Haveria mesmo teu olhar, agora colorido, a me convidar para sentir teu vazio como gozo e entretenimento. Haveria um sorriso, pleno, viçoso, a dizer que a essência da vida é mesmo vivê-la – simples, sem adornos, contornos, adereços. Haveria um silêncio dentro do sonho onde estaríamos sem máscaras, apenas nós, nus a passearmos pelos nossos corpos sem culpa, remorsos ou perdão. Haveria a palavra dita, não-dita, pronunciada nos mínimos movimentos entre nossos toques, calada em nossa comunhão. E, no entanto, não há sonho nem silêncio. Há a dor.
Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.
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