Você olha para os lados e pergunta: como pode uma mulher linda, inteligente e interessante ficar tanto tempo solteira?
Não é mistério, apenas a lógica bruta do séquito urbanóide das grandes cidades: quanto mais gente disponível, menos gente possível.
Para muitos homens, as principais qualidades daquela mulher se transformam em defeitos. Porque ela é muito melhor do que você. E do que todas as outras mulheres que você conhece.
E muitos homens, que até então se achavam inteligentes (por conta própria), começam a entender como são burrinhos quando tentam despertar o interesse de uma mulher assim.
Quando mais jovem, eu costumava achar que essas mulheres lindas e sozinhas tivessem algum problema. Dos sérios.
Talvez fossem muito chatas. Talvez muito loucas. Talvez muito convencidas.
Porque nenhum homem, em sã consciência, deixaria de entrar na fila para conseguir um horário na agenda delas, nem que fosse para tomar umas cervejas no fim de semana.
O problema é que essas poucas mulheres interessantes sempre têm mais a oferecer. E você, não.
Elas sempre vão ter algo a mais para responder. E você, sequer sabe o quê perguntar.
Elas continuam ali, do outro lado da rua. Lindas, batalhadoras, pagando contas, subindo e descendo de ônibus, cuidando da casa, do trabalho, da vida, dos problemas e até da família. Sozinhas. No intervalo entre o almoço e o cafezinho, talvez elas lembrem que também é cada vez mais difícil achar um homem “razoavelmente” interessante.
A esta altura da vida, depois de tantas interpretações erradas e perguntas que nunca foram feitas, fico pensando se essas mulheres não cansaram de ser interessantes?
Se elas não cansaram de ser lindas e inteligentes num mundo onde isso parece defeito?
Se elas não querem dar um basta, pintar o cabelo de loiro platinado e usar roupa cor-de-rosa-piriguete?
Acho mesmo é que elas cansaram foi de esperar que até o mais inteligente dos homens aprenda alguma coisa sobre elas.
Obs: Imagem do autor.