Rejane Menezes 18 de outubro de 2021

[email protected]

Hoje o domingo amanheceu normal, céu azul, nuvens brancas, o calor que aumenta a cada ano. Normal? Não! Não pode amanhecer normal um domingo que se inicia com o peso de 600 mil vidas levadas pela Covid. Fica pior quando sabemos que, destas, 480 mil estariam vivas se tivéssemos mortalidade igual a média mundial. São 600 mil famílias com lugares vazios e sabe-se lá quantos amigos perderam seu ombro amigo, seu porto seguro.

São 600 mil vozes que se calaram. Algumas escreviam livros ou histórias, cantavam, seja profissionalmente, seja embalando filhinhos e filhinhas, seja netinhos e netinhas, ou crianças sofridas em orfanatos, a espera de um lar.

Quantos milhares de ouvidos atentos ao que seus amigos e amigas conversavam? Quantos ombros que acolheram choros e que agora não podem mais consolar?

Quantos professores deixaram órfãos, não apenas seus filhos e filhas, mas, também, alunos e alunas?

Quantos órfãos, adultos, jovens ou crianças, essas 600 mil pessoas tiveram que abandonar, porque um vírus cruel dizimou suas vidas?

Quantas dessas vidas teriam sido salvas, se a vacinação houvesse começado antes? Ou os protocolos de saúde fossem cumpridos mais a rigor?

Como pode ser um domingo normal quando temos diante de nós o número assustador de pessoas possuidoras de armas “oficiais” no Brasil, que supera e muito, o total de militares das três forças armadas e das polícias estaduais que usam armas.

Não pode ser um domingo normal quando imigrantes, que fogem de seus países em busca de sobrevivência, sejam tratados como um fardo, morarem na rua ou terem suas barracas queimadas. Não pode ser um domingo normal quando o número de pessoas em situação de rua cresce cada vez mais e a fome e a miséria se espalham feito uma praga, atingindo famílias inteiras.

Está na hora dos ricos e poderosos despertarem de sua iniquidade e, se não vender tudo o que tem e dar aos pobres, o que sabemos, é impossível, ao menos aprender a partilhar com quem não tem nada.

Está na hora dos destruidores do planeta e de nosso Brasil, reverem seus conceitos. Ou eles acham que desmontando Sus, Educação e sistema de trabalho, o resultado será positivo para eles?

Qual será o futuro dos que se acham acima do bem e do mal e se sentem no direito de boicotar a vacina e de decidir sobre a vida dos que deles dependem financeiramente?

Alguém em sã consciência acha que negando aos pobres, negros, povos indígenas e à Comunidade LGBTQI+ os seus direitos, o resultado mais adiante será bom?

Como pode o aumento da pobreza, da miséria, da fome, ser bom para alguém que seja? Para os que acham que o mundo pertence a eles e que, em seu mundo, não há lugar para os despossuídos de bens ou que não se enquadrem em seus critérios de seleção, aqui vai uma dica: o mundo pertence à humanidade. E mesmo que uns poucos privilegiados tentem dominar tudo e excluí o resta da população, nunca vão conseguir o seu intento. Porque a história está aí para mostrar que ela poderosa e que as suas tintas mostrarão, de uma forma ou de outra, a verdade.

Não podemos mais, simplesmente, seguir em frente, como se, sozinhas, as coisas fossem se acertar. Não vão.

Está na hora de soltar o grito preso na garganta e gritar: BASTA! Porque não queremos um domingo normal, que só existe no delírio de quem vive em seu próprio mundinho de loucuras, violência, ódio, intolerância, muito dinheiro e armas. Está na hora de soltar o grito preso na garganta e gritar: BASTA!

Obs: A autora é jornalista,  blogueira e Assessora de Comunicação

e-mail: [email protected]
http://jornaloporta-voz.blogspot.com/

website – www.jornalistasweb.com.br

 misturadeletras.wordpress.com.br

Imagem enviada pela autora ( elaborada no Canvas)

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


busca
autores

Autores

biblioteca

Biblioteca

Entrelaços do Coração é uma revista online e sem fins lucrativos compartilhada por diversos autores. Neste espaço, você encontra várias vertentes da literatura: atualidades, crônicas, reportagens, contos, poesias, fotografias, entre outros. Não há linha específica a ser seguida, pois acreditamos que a unidade do SER é buscada na multiplicidade de ideias, sonhos, projetos. Cada autor assume inteira responsabilidade sobre o conteúdo, não representando necessariamente a linha editorial dos demais.
Poemas Silenciosos

Flickr do (Entre)laços
[slickr-flickr type=slideshow]