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SUFOCO DO PADRE INSPETOR EM CARPINA

É costume nas obras salesianas, anualmente o Pe. Inspetor fazer a visita inspetorial a cada casa, colégio, obra ou presença salesiana para animar a comunidade local e também para avaliar o trabalho dos salesianos ali. Corria o ano de 1978 ou 79 e o Pe. Inspetor era o Pe. Possamai, um gaúcho de sotaque bastante acentuado. Foi a Carpina para a visita inspetorial conferir as atividades dos salesianos no aspirantado (obra prioritária), colégio, paróquia e centro juvenil (oratório); consistia em conversar e contatar cada uma dessas obras. No colégio havia um professor muito popular e muito querido (bota querido nisso) sobretudo entre os pequenos; seu nome Viínha ou João Grandão (por causa de sua altura). O Pe. Inspetor aproveitou o ‘bom dia’ que era dado no início das aulas para conversar com os alunos; o ‘bom dia’ dos alunos de 5ª a 8ª série e ensino médio era feito no teatro enquanto que o dos pequenos  até a 4ª série era na capela. Pe. Possamai foi convidado para dar uma palavrinha aos pequenos no ‘bom dia’ da capela. Os meninos já acharam estranha a fala do padre gaúcho carregado de forte sotaque. Como bom salesiano quis envolver os meninos na participação do papo. Em sua fala, a certo momento perguntou: – vocês gostam dessa professora? E apontou para Luzia Mara. Os meninos responderam gritando: – Gostamos! Em seguida perguntou: Vocês gostam desse padre? E apontou para o diretor. E todos responderam bem alto: – Gostamos. E assim foi fazendo com cada um. Quando chegou a vez de João Grandão, o Inspetor perguntou: – E vocês gostam desse professor? –  A capela quase veio à baixo; os alunos, pulando, saltando e gritando diziam: – gostamos! A essas alturas não se via Viínha porque ele estava de baixo de uns 20 meninos. Não houve coordenadora, diretor ou professora que fizesse voltar ao normal; era o tamanho do bem que os meninos queriam ao João Grandão. Foi a 1ª vez que vi um ‘bom dia’ terminar sem dizer:  bom dia!

Obs: O autor é Mestre em Educação pela Université du Québec à Hull (Canadá), professor da Unicap e da Fafire e  presidente da Comissão de Pastoral para a Educação da Arquidiocese de Olinda e Recife.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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