Não podemos esquecer a festa de Santo Antônio em Barbalha
Barbalha é uma cidade pequena, próxima a Juazeiro, sem muita atração; é célebre no entanto, porque seu padroeiro é Santo Antônio. Santo Antônio é o único santo da Igreja que em vez de uma novena tem uma trezena que antecede a festa; são 13 dias de festa. Nas festas dos santos padroeiros costuma-se hastear a bandeira em frente à Igreja, no início da novena, que chega em procissão trazida da casa do patrono da festa. No final da festa ela é recolhida e levada em procissão para a casa do patrono da bandeira do ano seguinte. Em algumas igrejas o mastro da bandeira é sempre fixo; no caso da festa de Santo Antônio de Barbalha, não. Em cada ano há um ritual para buscar na mata da floresta da chapada do Araripe, que fica por trás do Caldas, o pau maior que tiver, reto ou curvo com nó ou sem nó. É um ritual cheio de atrações. Muita gente se desloca da cidade para ajudar a carregar o pau do santo, até o vigário. O percurso é feito movido a cachaça, conhecida como a cachaça do padre. Não raras vezes a transposição é vista no Brasil inteiro, através dos noticiários de televisão. O cuidado maior deve ser no momento em que vai ser posto em pé, devido a seu tamanho; geralmente o pau de santo Antônio tem entre 20 a 25 m; é muito grande. Em Juazeiro, não tiveram cuidado suficiente ao levantar o pau da bandeira de N. S. das Dores, ele terminou caindo atingindo a cabeça da filha de um amigo que morava próximo do Colégio Salesiano, não resistiu aos ferimentos e terminou morrendo. Voltemos ao pau de Santo Antônio; Uma das qualidades de Santo Antônio é ser um santo casamenteiro, ou seja, um santo a quem as moças recorrem, na esperança de arranjar com facilidade um namorado. Pois bem em Barbalha, o pau de Santo Antônio, de uns dois metros para baixo, era liso e preto de tanto as moças passarem as mãos. Lembro-me que em companhia do Pe. Antenor, diretor do Colégio, fui com ele ao local, fez questão de descer do carro, olhou pra cima e admirou-se com o tamanho do mastro e solenemente passou a mão; só vendo o grau de satisfação ao sair dali. Até duvido, quem de Juazeiro, naquela época, não tenha ido a Barbalha em tempo de festa do padroeiro, contemplado o pau e tirado uma lasquinha, especialmente as meninas. Foi numa destas festas de Barbalha que muitos arrumaram namorada, inclusive Bosco Alves, radialista esportivo da rádio progresso que conheceu Mana, aluna do 2º grau e casou-se com ela.
Obs: O autor é Mestre em Educação pela Université du Québec à Hull (Canadá), professor da Unicap e da Fafire e presidente da Comissão de Pastoral para a Educação da Arquidiocese de Olinda e Recife.