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Bom dia amigo e amiga ouvinte, bom dia Pe. Guilhermo. Cada nova semana somos interpelados pelos acontecimentos ao nosso redor e na Amazônia também. A interpelação nos convoca a tomarmos consciência sobre o que rola por aí e agirmos para construir um outro mundo melhor. Ninguém tem direito de cruzar os braços e se desculpar dizendo que nada pode fazer. Especialmente nós que cremos em Deus nosso Pai, temos que agir como Jesus agia lá na Galileia. Aliás, no Evangelho de hoje diz assim:
“ Então Jesus falou: Toda autoridade foi dada a mim no céu e sobre a terra. Portanto, vão e façam com que todos os povos se tornem meus seguidores, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. A questão é, como podemos fazer isso atualmente, quando muitos dizem crer em Deus, mas prejudicam os outros e a própria natureza que Deus construiu para cuidarmos e usufruirmos?
Veja só alguns fatos da semana passada que esperam por nossa ação.
Em recente entrevista em São Paulo, o bispo Dom Erwin, aposentado mas bem ativo na defesa da vida, indignado com os massacres aos povos indígenas falou o seguinte: “A boiada não tem freio, escrúpulo, vergonha”. Ele se referia a maldita decisão do ainda ministro Ricardo Salles, que apoia invasão de garimpeiros em terra indígenas e defende madeireiros ilegais destruindo floresta na Amazônia. Dom Erwin é um bispo que arriscou e arrisca a vida na defesa dos pobres. Ele não se esconde embaixo da mitra episcopal.
E outra, A situação social, econômica e política está tão grave em nosso país, que mesmo com a pandemia matando muitas pessoas, somos convocados a sair nas ruas para exigir respeito do governo às vidas humanas, ameaçadas por um governo genocida e irresponsável. Ontem em Santarém e em centenas de cidades do Brasil, muitos saíram às ruas para exigir que as autoridades afastem Bolsonaro do cargo que ele ocupa irresponsavelmente.
Muitos tem receio de sair pelas ruas por causa do covid 19. Mas o governo Bolsonaro é muito mais ameaçador do que o corona vírus e por isso, arriscamos sair às ruas em defesa da democracia e da vida. Para nós, os jovens e trabalhadores da Colômbia dão um exemplo. Eles também tem seu similar a Bolsonaro e por isso, há um mês estão na ruas exigindo mudança no governo. Mesmo o bruto governo deles matando mais de 30 jovens, os milhares de outros estão nas ruas exigindo justiça social.
Aqui temos Jesus a nos dizer que quem tem sede de Justiça pertence ao Reino do Céu. E disse mais: “Não tenham medo, estarei com vocês todos os dias até o fim dos tempos”. Então, se Jesus está conosco, é para lutarmos como ele fez, em defesa dos pobres, dos humilhados pelo sistema que invade terras indígenas, que espalha agrotóxicos sem escrúpulo, como falou do Erwin. Temos que defender nossos direitos.
Veja o exemplo dos indígenas Mundurucu: Sofrem ameaças de garimpeiros, tem casas queimadas, mas não se intimidam. Alguém pode estar com pena dos garimpeiros dizendo que eles também tem direito de trabalhar e ganhar seu pão. Mas reflita o seguinte: você tem uma propriedade legalizada direito conforme a lei do país. Aí chega uma pessoa e quer tirar um objeto de dentro de sua propriedade. Você acha justo tal invasão? Ora, as terras indígenas são territórios legalizados e protegidos pela Constituição. Mesmo que debaixo do chão tenha muito ouro, bauxita e outros minérios, ninguém pode entrar e meter a mão, certo? Ou você concordaria de alguém entrar em sua propriedade e tirar ouro se lá houver?
Por isso, quem é de Deus, defende a justiça de Deus e não a justiça falsa do governo e de quem permite invasão de terras indígenas.
(Análise da semana Nossa Voz é Nossa vida 30.05.2021)
Obs: O autor é membro da organização da Caravana 2016
Coordenador da Comissão Justiça e Paz da Diocese de Santarém (PA) e membro do Movimento Tapajós Vivo.
Autor dos livros: Amazônia: o que será amanhã? (Vol I e II) e Uma revolução que ainda não aconteceu.