com os dedos tortos
(marcados por uma vida de espinhos)
e olhos aquosos
(cheios de misericórdia por mim)
apontou para minha quase perfeição
mandou cortar toda fartura e obesidade do ser e estar
as tendências e os modismos que a custo aprendi
e como se preciso fosse provar os ossos
me fez rasgar o tecido conjuntivo
ao ver o chão coberto de meias estrofes
sentenciou
:era enfeite
andou até a janela
olhou as curvas da montanha a emoldurar o aglomerado
e me pregou na cadeira com a mansidão da sua voz:
nunca se esqueça do aço com que se fere a pedra
corta sem medo de esguichar o sangue
no fundo do teu excesso de vaidade
dorme com olhos de coruja
a poesia.
Obs: Lourença Lou com Ivy Menon e toda a comunidade dos amigos da poesia!
(Imagem “filtrada” pelo meu netinho-artista: uma quase eu)
A autora é mineira. Formada em- Letras pela UFMG, pós-graduou-se na UEMG em Administração Escolar. Às vezes é prosa, outras, poesia. Participou de várias coletâneas, Livro da Tribo, revistas e jornais literários, impressos e virtuais, com poemas, crônicas e contos. Publicou três livros de poesia pela Editora Penalux: Equilibrista (2016), Pontiaguda (2017), Náufraga (2018). Nesse ano, 2020, publicou seu primeiro livro de contos – O Insuspeitável perigo do instante-beijo e outros contos –