Há coisas bem difíceis para conquistar, mas fáceis de perder ou desperdiçar. Tem gente que tem, mas não sabe. Tem quem procura, mas não acha, porque certas coisas não se acham; se conquistam. E é preciso que outros reconheçam. Estas coisas são mais de fora para dentro do que de dentro para fora da gente. Estão, portanto, no campo das relações interpessoais e sociais.
Todos precisam, mas nem todos tem ideia de que o tempo, a coerência e as atitudes concretas materializam o que buscam. Definitivamente, todos estamos construindo um capital político e social em torno de nossas intervenções públicas e sociais.
Do maior ao menor, estamos sempre em busca de reconhecimento social. Esta busca é uma das maiores necessidades para afirmarmos nossa própria humanidade e nossa identidade no meio de tanta gente.
Tem gente que não tem nada a oferecer, mas sempre se apresenta aos outros como “um prato cheio”. Sempre está em busca da melhor oportunidade para satisfazer e preencher o seu próprio vazio. Outros, emprestam seu capital social e político para alguém, em troca de algum benefício.
O que cada um conquista, individualmente ou com ajuda dos outros, sempre tem um valor e jamais deveria ter preço.
A situação se torna complexa quando alguém, alguma pessoa, alcança um reconhecimento importante diante dos outros e não coloca este a serviço da coletividade, do bem comum. Não assume o que construiu com os outros, frustrando-os. Foge, então, das responsabilidades intrínsecas da própria constituição de sujeito social.
Sim, há pessoas que vão desconstruindo a si mesmas e frustrando os que sempre apostaram nela.
Está aí a maior razão pela qual precisamos de lideranças que tenham nosso respeito, consideração e reverência: nós também somos elas. Estamos imbricados e interconectados em ações coletivas que fazem cada um de nós um ser verdadeiramente humano e um ser social. Não somos sozinhos e sozinhos não fazemos nenhuma mudança substantiva neste mundo.
Contudo, porém, sempre estamos diante da condição humana que mais nos desafia e mais nos assusta: a liberdade de cada um.
Cada um de nós escolhe se deseja ou não colaborar com a humanidade e a forma de fazê-lo. Cada um de nós é subjetividade e deve ter a possibilidade de fazer escolhas, mesmo quando estas contrariam todos aqueles que fomos cativando através do reconhecimento social. Simples e complexo assim! 05.05.2021
Obs: Publicado em http://rdplanalto.com/noticias/51444/o-desafio-de-lideranca-somos-nos-e-somos-os-outros
O autor é professor, escritor e ativista em direitos humanos, desde Passo Fundo, RS