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Meus queridos amigos
Uma senhora, Dona Amélia, muito piedosa e cheia de amor a Deus e amor ao próximo, surpreendeu-me dizendo: “o Sr. falou em sete pedidos que a gente faz no Padre Nosso. Eu já devo ter rezado milhares de vezes a oração que Nosso Senhor nos ensinou, mas vou ter que prestar muita atenção para descobrir os sete pedidos de que o Senhor fala”. E perguntava, amável: “E são mesmo sete?”
Sabem que isto acontece com muita gente boa?! Dona Amélia foi mais simples, mais sincera, mais corajosa. Vamos lembrar, juntos, os sete pedidos que Nosso Senhor achou importante incluir na oração que Ele mesmo nos ensinou: Começamos com uma saudação:
“Pai nosso que estais no Céu…” Mesmo antes dos pedidos, já temos aí lição importantíssima: o Pai é nosso, não é só de alguns de nós. E já sabemos que o Pai está no Céu, mas também dentro de nós…
E vem o primeiro pedido: “Santificado seja o vosso nome”. O segundo:” Venha a nós o vosso Reino”. O terceiro: “Seja feita a vossa vontade, assim na terra como no Céu”. O quarto: “O pão nosso de cada dia, nos dai hoje”. O quinto: “Perdoai-nos as nossas ofensas, como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”. O sexto: “Não nos deixeis cair em tentação”. O sétimo e último: “Mas livrai-nos do mal — Amém”.
Agora de traz para diante: Pedir que o Pai nos livre do mal, de todas os males, pecados e perigos, parece fácil. Pedir ao Pai que nos ajude a não cair em tentação, também não parece difícil. Mas será oportuno um balanço nas tentações que mais nos assaltam. Quem disser que nem sabe ou quer até achar que vive sem tentações, precisa conhecer-se melhor… Não há ninguém sem tentações. O próprio Cristo foi tentado. E Ele não ensinou a pedir que não tenhamos tentação, mas que o Pai nos ajude a vencê-la. Será ótimo que todos nós saibamos com segurança, quais são, na fase de vida atual, as tentações que mais nos visitam.
Vem um pedido que tanto tem de importante, como de grave — pedir que o Pai nos perdoe, tudo bem, mas pedir que Ele perdoe como nós perdoamos é muito sério. Quem está seguro de perdoar de verdade, sem excluir ninguém do perdão? E vamos entrar no jogo da verdade: Perdoar, sem esquecer não é perdoar.
Pedir o pão de cada dia deve obrigar-nos a pensar no número, sempre maior, de pessoas que não tem o pão de cada dia. E nós temos pão, não só para o dia de hoje mas para a semana, o mês, o ano… Provavelmente pão garantido para a vida inteira… E nós pedimos o pão nosso… Dá ou não para mexer conosco?
Pedido importante, importantíssimo, é pedir que a vontade do Pai seja feita. Quando a vontade d’Ele coincide com a nossa, tudo bem… E quando não coincide? Temos que aprender a lição do Jardim das Oliveiras. Na sua cabeça e, sobretudo em sua vida, o que é que pedimos ao desejar que o Reino de Deus venha a nós? E o que é que pedimos concretamente ao desejar que o nome de Deus seja santificado? Vamos agarrar-nos com a graça divina e valorizar ao máximo o Pai Nosso? Oração ensinada pelo próprio Cristo tem que ter lugar não só em nossas preces, mas em nossas vidas! Quinta-feira, 22.4.1982
Obs: *Mais uma das crônicas escritas por Dom Helder Camara para o seu programa de rádio UM OLHAR SOBRE A CIDADE, exibido na rádio Olinda às 06h55 de 01 de abril de 1974 a 22 de abril e 1983. Está crônica está publicada no livro “Meus Queridos Amigos”, que reúne 200, das centenas de crônicas lidas por Dom Helder ao longo dos nove anos de duração do programa.
Imagem e texto enviados pelo IDHEC – Instituto Dom Helder Camara
. Ver AUTORIZAÇÃO do IDHEC no item OBRAS LITERÁRIAS.