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Diante do silêncio, à beira de mim, debruço-me e descanso sobre o vazio. Sigo a desmanchar o tempo, a dissolvê-lo em minhas memórias, a corroê-lo entre meus movimentos. Sereno, à beira do vazio, caminho entre espectros de mim, do que fui, do que já não sou. Deixo-me solto, apenas no mundo, como se viver fosse um descanso. Diante do vazio, dissolvo o silêncio entre meus tempos e o perpetuo em lembranças. E me alegro em múltiplos outros, em abandonados espelhos, em esquecidos rostos. Em paz, diante de mim, à beira das memórias, desato-me do mundo e venero a solidão. Tudo transborda, um tempo presente, um vazio do tempo, a própria memória dissolvida. Diante de mim, a vida, a imensa vida e, no seio do vazio, a palavra encharcada de silêncio e do que sou.
Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.
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