15 de dezembro de 2020
- Cada resultado eleitoral sempre tem muitas origens e podem indicar diferentes tendências. Haverá culpados e brilhantes marqueteiros, e também uma guerra de números e tortura de dados para fundamentar teses e teorias.
- Nem todo evento é paradigmático, a ponto de sugerir tendência de análise conjuntural. Os dados quantitativos, por si, não revelam a questão de fundo. A eleição brasileira atípica, exceção que não ajuda a analisar o todo.
- É preciso olhar as circunstâncias em que elas aconteceram. O contexto, mundial e nacional, pode ajudar a ler os resultados eleitorais. A questão central poderia ser: que governo serve à atual fase do capitalismo, envolto numa crise pandêmica e econômica.
- Desde 2008, o mundo vive uma profunda crise econômica, política, social, ambiental, sanitária e geopolítica. O Covid-19, apenas desnuda e acelera a crise do sistema que busca readequar-se para seguir realizando, acumulando e centralizando o capital.
- A eleição nos EUA é reveladora: o “novo” nunca foi tão velho. O trumpismo e arremedos provincianos (nacionalismo, protecionismo, guerra-fria, negacionismo, xenofobia, populismo, fakenews) não respondem à crise do capital, nem o enfrentamento da epidemia
- Os números falam. Cresceu o desemprego e as milhares de mortes e infectados na guerra do Covid-19. Serviu para isolamento dos EUA e acirrou a disputa geopolítica. Promoveu a China que mostra avanço tecnológico ligado à indústria, no comercio e na solidariedade.
- Serviu, sobretudo, para definir que forma de governo serve à reestruturação do capitalismo, em meio a pandemia. No discurso, se diz que é a democracia; democracia controlável, com um governo que favoreça o desenvolvimento do capital com hegemonia financeira.
- Não seria democracia com maior participação e acúmulo de força popular. A direita busca voltar à normalidade e perde quando não há governabilidade. Wall Street aplaude Biden e assimila até centro esquerda palatável porque freiam descontentamento, convulsão social.
- No Brasil, já há sinais de que B já não é a transição, ponte para o novo momento do capitalismo, planejada pelos empresários, militares, mídia e apoio do fundamentalismo. Ele foi usado, mas sua incompetência, seu estilo e instabilidade emocional atrapalham.
- Após o golpe e no meio da pandemia se fez as reformas de estado e agora, procuram uma representação. Os militares querem espaço, sem pagar o preço; atuam nos bastidores. Em caso de rebelião popular e, para reeleger-se, B. até se disporia ao jogo sujo?
- A direita de Centro, retomou o controle, e os analistas da grande mídia (entenda-se, os profetas do capital) apressam-se em dizer que o povo rejeitou os extremos de direita e de esquerda. Igualam a derrota do bolsonarismo com o popular, não com o esquerdismo.
- É fácil ver quem ganha a eleição de novembro. Os partidos do centro direita, capitaneados por Maia. Pode ser Ilusão falar em derrota de Bolsonaro… ele muda conforme apoios. A esquerda só tomou de 3 a 1 e não de 7 a 1. O PT sobreviveu, em heroicos grotões.
- Eleição de +Mulheres, índios, negros, LGBTx… avanço? – depende de que horizonte. A oposição, espera para reagir às iniciativas da direita. Há lideranças buscando livrar-se de condenações. Urgente é investir em construir força própria, voto é maioria momentânea. 10/11//2020
Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.
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