1 – DOMINGO DA PRESENÇA REAL
Mt 18,15-20
JESUS hoje nos congrega para revelar um dos seus segredos mais caros, um dos dogmas fundamentais da sua proposta eclesial:
Sua real presença em meio àqueles e aquelas que se encontram “em seu nome”, porque o relembram com amor, porque o têm como Mestre, porque são, hoje, seus discípulos e discípulas.
É nesse encontro de irmãos e irmãs que tudo de melhor pode acontecer:
– aí, na dinâmica da roda, é que se robustece a fé e a fraternidade…
– aí, se resolvem, em última instância, todas as pendências de uma convivência fraterna, mas, mesmo assim, conflituo-as…
– aí, todos e todas são responsáveis por todos e todas…
– aí, todos e todas se escutam e, juntos, buscam o melhor para todos e todas e para cada um, cada uma…
É nisso que deve consistir o poder de tudo ligar e desligar, na terra e no céu.
E a alegria do Salmo 133 naturalmente brotará do nosso cantar na celebração da fé e da irmandade!
Mas, neste 7 de Setembro, muita gente vai se juntar, presencial ou virtualmente, para caminhar pelas ruas ou navegar pelas mídias, gritando por Direitos e Democra-cia! Trabalhadores e Trabalhadoras gritarão e continuarão gritando: VIDA EM PRIMEIRO LUGAR! BASTA DE MISÉRIA, PRECONCEITO E REPRESSÃO! QUERE-MOS TRABALHO, TERRA, TETO E PARTICIPAÇÃO! Alguém tem dúvida de que estaremos unidos “em nome de Jesus”?… Não se trata tanto de gritar o nome de Jesus, mas de estar juntos “em nome” d’Ele, isto é, das coisas do Reino de Deus, por Ele anunciado, como ele nos dirá no Juízo Final (v. Mt 25,31-36): a solidariedade com os excluídos e excluídas é a prova mais segura de que estamos em “comunhão” com JESUS!
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PENSE NISSO:
<<O futuro da fé cristã entre nós dependerá em boa parte do que façam os cristãos nas nossas comunidades concretas nas próximas décadas. Não basta o que possa fazer o Papa Francisco no Vaticano. Tampouco podemos colocar a nossa esperança no punhado de sacerdotes que possam ordenar-se nos próximos anos. A nossa única esperança é Jesus Cristo.
Somos nós os que temos de centrar as nossas comunidades cristãs na pessoa de Jesus como a única força capaz de regenerar a nossa fé gasta e rotineira.
– O único capaz de atrair os homens e mulheres de hoje.
– O único capaz de gerar uma fé nova nestes tempos de incredulidade.
A renovação das instâncias centrais da Igreja é urgente. Os decretos de reformas, necessários. Mas nada tão decisivo como voltar com radicalidade a Jesus Cristo.>>
José Antonio Pagola
Quem nega a presença real de JESUS na união dos excluídos e excluídas, e na solidariedade dos que com eles e elas se juntam na luta por seus direitos, será que acredita mesmo na presença real de Jesus no Santíssimo Sacramento?…
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Reflexão da Classe Trabalhadora com Reginaldo Veloso
2 – DOMINGO DO DIVINO PERDÃO
Mt 18,21-35
Quem ama não faz contas, não cobra dívidas, não “passa na cara”. Quem ama perdoa, só e sempre. E é uma questão, antes de tudo, de bom senso. É só olhar-se no espelho da própria consciência. Afinal, somos farinha do mesmo saco, bonecos do mesmo barro.
Se há em nós um sopro de vida, alguma inspiração para o bem, é coisa de Deus, dom do seu gratuito amor.
Ele, primeiramente, é aquele que não se cansa de nos perdoar, de nos dar a mão, de repetir o “levanta-te e anda!”, todos os dias.
Esse jeito divino de ser é o milagre maior, que tem de multiplicar-se através de nossas atitudes e gestos cotidianos de compreensão, misericórdia e perdão.
Menos do que isso é a “lei da selva”, a insensatez de uma convivência estressante, insuportável.
Não é por nada que nosso encontro com o Ressuscitado começa com um momento de revisão de vida, um pedido de perdão, um canto de arrependimento e de confiança na divina misericórdia, que nos perdoa “assim como nós perdoamos”.
Uma das coisas que enfraquece a organização e a luta dos oprimidos e excluídos é incapacidade de compreender e perdoar… Somos muito rápidos em apontar erros, e muito exigentes em cobrar, e cobramos “pelo pé”… Nossa preocupação imediata não é ajudar o outro, a outra, a se perceber, a entender melhor as coisas, a encontrar o caminho de volta… Com a nossa pretensão de “justiça” e “verdade”, empurramos o outro, a outra, para o abismo, perdemos companheiros e companheiras, dividimos o grupo, a comunidade, enfraquecemos a luta… E não faltará quem ache bom e tire partido…
E que pensar desses tempos de promoção e disseminação do preconceito e do ódio?… E como será que vai nossa convivência em família nesses meses de isolamento social?… Por que será que nesses últimos meses tem aumentado o número de feminicídios?… Ser crist(ã)o, é a busca cotidiana, na força do Espírito de Deus, de sermos divinos, de sermos como Deus, misericordiosos como Jesus.
“QUEM NÃO PERDOA NÃO É CRISTÃO!”
Papa Francisco nos lembra: “O Senhor, o Pai é tão misericordioso que sempre nos perdoa, sempre quer fazer as pazes conosco”. Mas “se tu não és misericordioso corres o risco de que o Senhor não seja misericordioso contigo, porque seremos julgados com a mesma medida com a qual nós julgamos os outros”.
No final da sua homilia, e tomando a leitura de São Paulo o Papa lembrou que é necessário revestir-se de “sentimentos de ternura, bondade, humildade, mansidão e paciência”. Este, disse Francisco, “é o estilo cristão”, “o estilo com o qual Jesus fez a paz e a reconciliação”. “Não é o orgulho, não é a condenação, não é falar mal dos outros”.
Que o Senhor, concluiu, “nos conceda a todos nós a graça de nos suportarmos uns aos outros, de perdoar, de sermos misericordiosos, como o Senhor é misericordioso para conosco”.
Como tornar essa quarentena sem fim um tempo de graça, de aprendizado do perdão?
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Reflexão da Classe Trabalhadora com Reginaldo Veloso
Obs: REGINALDO VELOSO, presbítero leigo das CEBs (essa é minha condição eclesiástica atual, o que me deixa particularmente feliz)
– Membro do MTC (Equipe Maria Lorena – Recife) (terminou meu “mandato” como “Assistente Regional”)
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