Ana Eliza Machado 1 de setembro de 2020

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Dando continuidade às discussões sobre a Usina de Belo Monte, em resposta ao vídeo postado do Movimento Gota D’água, alunos de Engenharia Civil e Economia da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) postaram esse outro vídeo, como resposta.
Eu reconheci os erros e os exageros do outro vídeo, e também como antes tinha comentado, todas as apelações, mas não mudei de ideia. Por mais que eles tentem explicar que serão gastos “apenas” 19 bilhões de Reais, que a área alagada não é de floresta virgem, que a hidrelétrica é fonte de energia limpa e reutilizável e que houve um equívoco da localização dos índios, não me dou como vencida.
A Belo Monte é a primeira de um projeto para 87 usinas na Amazônia, e não é uma fonte de energia limpa. Por mais que o terreno alagado seja de áreas já desmatadas, uma hidrelétrica polui tanto quanto uma termoelétrica, já que o apodrecimento da matéria orgânica inundada libera para a atmosfera gás carbônico e gás metano, que são nocivos para o meio ambiente e contribuem para aumentar o efeito estufa.
Mesmo que o Brasil esteja preparado para arcar com uma despesa dessa, no meu ver temos outras prioridades para o investimento desse dinheiro.
Mais do que isso, não vejo o problema dos indígenas como resolvido. Mesmo que se concretizem os projetos de integração social, mesmo que se invista em casa para eles, nunca será a mesma coisa. Já parou pra pensar no número de terras que já foi tomada deles? Não deles indígenas que vivem no Brasil hoje. Deles indígenas que vivem aqui há sabe-se lá quanto tempo. Mesmo que a terra não seja deles, mesmo que não seja lá onde eles vivem, mesmo que eles não tivessem que sair de lugar nenhum. É da terra que a gente está falando. Terra que para eles é sagrada. Terra que abriga animais, que nos abriga, que nos dá o que comer, beber e vestir. É justo tirar isso deles?
Assim como muita pouca coisa é justa. Não estou desmerecendo os outros problemas em bater nessa tecla, mas como não posso cuidar e pensar e colaborar com todos, me agarro nesse fiapo que virou a discussão.
Mesmo que esses estudantes esclareçam todas as questões que o outro vídeo deturpou ou deixou às escuras, não me parece uma causa nobre. No futuro, não são desses projetos e atos da nação brasileira que eu terei orgulho ao contar para quem vier depois de mim.
abriga animais, que nos abriga, que nos dá o que comer, beber e vestir. É justo tirar isso deles?
Assim como muita pouca coisa é justa. Não estou desmerecendo os outros problemas em bater nessa tecla, mas como não posso cuidar e pensar e colaborar com todos, me agarro nesse fiapo que virou a discussão.
Mesmo que esses estudantes esclareçam todas as questões que o outro vídeo deturpou ou deixou às escuras, não me parece uma causa nobre. No futuro, não são desses projetos e atos da nação brasileira que eu terei orgulho ao contar para quem vier depois de mim. 28.11.11

Obs: Vídeo enviado pela autora

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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