Saudade a gente sente , quando já viveu alguns anos, quando aprendeu e viveu um pouco neste mundo, tão cheio de dificuldades e entreveros.
Saudade a gente aprende a cultivar e a guardar no fundo do coração, num baú, que com o tempo começa a ficar cheio e ameaça transbordar e pôr para fora algumas das nossas mais caras lembranças, transformadas em saudades grandes ou pequenas.
Aprendi a ter saudade e a me esconder dela, para não sentir tristeza, arrependimento ou saudade dessas saudades, de fases de minha vida que se foram, tragadas pelo tempo, que tudo arrebata e destrói.
Aprendi que tenho que sorrir dessas saudades. Olhá-las e enxergá-las com lentes da experiência. Aprendi que não devo esperar muito das coisas e das pessoas e que a vida segue
em frente, aprendi que esforço nenhum vale a pena, quando se luta com consciências heterogêneas e indiferentes ao que você tenta fazer. Repor minhas energias e me recompensar pelos traumas e felicidades vividas.
A vida nos prega muitas peças , ou serão as pessoas? Às vezes penso que o tempo se confunde com pessoas. Tem pessoas que se perderam com o tempo que as levou, também, pessoas que nos são trazidas pelos ventos da vida e assim, seguem a vida e o tempo, que nos arremessa no turbilhão de incertezas.
Cabe a cada um de nós só pesar o melhor, tanto em quantidade, quanto em qualidade, de pessoas e do tempo, para que nenhum deles seja desperdiçado e venhamos a perder o sabor de termos passado pela vida e pelas pessoas como um leve sopro, que nos arrepiou e passou.
Não deixou saudade. Foi apenas uma folha seca, levada pelo vento e transformada em coisa morta. Gente e tempo são coirmãos da saudade.
Obs: A autora, Maria Lucia de Araújo Nogueira, é advogada.