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Inicio dizendo que não abro mão das minhas máscaras. Tenho uma de algodão e outra de tnt. Só saio de casa em casos de inevitável necessidade, conforme orientam as pessoas sensatas e responsáveis. Sempre que me “des-isolo”, meto uma máscara na cara. E por aí me vou sentindo-me um extraterrestre. Dizem que assim, mascarados, ficamos um pouco mais protegidos dos humanos contaminados. E podemos evitar de contaminar outros, caso sejamos nós os contaminadores. Não duvido!
Quando se põe uma barreira em algum lugar, fica mais difícil a entrada e a saída de certas coisas e/ou pessoas. Uma máscara pode ser bem eficaz para barrar a entrada de mosquitos ou assemelhados. Porém, para o coronavírus, não sabemos exatamente sua eficácia por conta de seu tamanho. Segundo o infectologista e Prêmio Nobel de Medicina, doutor Stefan Cunha Ujvari, cabem cem milhões de vírus na cabeça de um alfinete. Então, se o vírus tiver mesmo a intenção de ingressar no corpo humano, uma máscara de tnt ou algodão poderá não garantir segurança total.
As máscaras serão uma ilusão? Não é propriamente uma crítica a elas, que agora viraram mais um item de mercado comum, ao lado do álcool e do sabão. Elas fazem o que podem diante do coronavírus, que se tornou uma triste realidade mundial. Quando essa pandemia passar, deixaremos de usar máscaras, mas muitos seguirão vivendo na ilusão de que tudo voltou ao normal. Iludidos de que, tendo voltado “ao normal”, continuarão achando que terá ficado tudo bem.
Na verdade, ao “voltarmos ao normal” não estará tudo bem porque a pandemia é estrutural e segue anormal. Não é mera onda passageira ou conjuntural, como um temporal que pouco mais, pouco menos, passa. Precisamos agir contra as ilusões para tirar todas as máscaras. Mas só conseguiremos tirar as máscaras se antes vencermos todas as ilusões. Nesse momento é fundamental superar a ilusão de que a normalidade é o fim do coronavírus. Ocorre que os vírus são múltiplos e de diversas ordens. Existem aqueles do ódio, da indiferença, do preconceito, da arrogância, da violência, do consumismo, do desejo de acúmulo ilimitado, do individualismo, etc. Assim, nossa luta terá de ser permanente.
O antídoto para o coronavírus é a solidariedade e o antídoto para o individualismo e outros tipos de vírus é a construção de uma sociedade solidária. A solidariedade é “remédio” genérico e ao mesmo tempo específico para todas as idades e doenças. Pode ser utilizado como medida preventiva e como tratamento curativo. Solidariedade não tem contraindicações. É recomendada para a área da economia, da política, da cultura, da religião, tanto no âmbito interpessoal, como familiar, comunitário, social, nacional e planetário. A natureza também requer nossa solidariedade para que possa continuar com seus pulmões funcionando e nos permita seguir respirando o nobre sopro da vida!
Obs: O autor é Doutor em Sociologia, pós-doutor em Educação e professor da Universidade Federal do Sul da Bahia