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Quando aqui cheguei,
o concreto armado já dominava as almas,
a verdade era liquida
e a mentira o ar aspirado maquinalmente.
Quiseram-me ético, correto, justo e perfeito.
Trabalho sisifiano e engolidor de gerações.
Baladeira escangalhada e contrária,
passei, eu, a dizimar isso de todos ao meu redor.
Nessa busca de um melhor conjunto da obra
exigi do outro a conduta que passava na minha lente,
sem ver que, na verdade, não estava enxergando nada.
Porque o outro, para mim, era só mais um e não eu ao infinito.
Depois de tanto não ver
acabei nessa precária condição humana,
contraditória e errante,
e teimei em exercitar generosidades.
Hoje, longe do mundo perfeito,
escolhi a redução dos danos.
Já não busco a perfeição que machuca
e a beleza que mata,
nessa vida provisória,
quero apenas viver
num espaço mais humano e fraterno.
E isso pode ser chamado de bons momentos.
Em outras palavras, o presente,
o que nos foi dado no fogo primeiro
das humanidades.
(para Vera Libório, que me inspirou aqui)
Obs: O autor é Jornalista e Gestor Cultural.