Taciana Valença 1 de abril de 2020

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As mãos deslizavam sobre o barro,
esculpindo delicadamente
cada parte do corpo.
Cabeça, cabelos, olhos, boca, nariz…
uma covinha no queixo (adoro).
Capricho especial para as mãos,
que seguram, protegem, abençoam.
Pés fortes, largos, de estrutura firme.
Orelhas perfeitas, escuta impecável.
Aos últimos retoques olhei em seus olhos,
fixamente, confessando pecados,
desabafando angústias e apreensões,
como se não soubesse mais de mim do que eu.
Segurei as mãos, já secas,
com cuidado para não machucar.
Senti seu calor e seu pulsar.
Refiz joelhos para andanças longas.
Cabelos curtos, cara de pai…
Ombros largos a abraçar o mundo.
Olhei enfim a imagem pronta.
Perfeito, até nas imperfeições.
A boca, num esboço de riso,
parecia o paraíso…
Até pude sentir a paz do seu respirar…
E foi assim que esculpi o meu Deus,
repleto de amor e perdão,
e o ensinei a falar…

Obs: Imagem enviada pela autora 

A autora é poeta, administradora e editora da Revista Perto de Casa.
http://pertodecasa.rec.br/

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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