No chamado mundo pós-moderno, é muito comum se ouvir que não há verdades absolutas e que tudo é questão de perspectiva. O que é verdadeiro para você pode não ser para mim, segundo dizem.
Nessa corrente de pensamento, vemos muitas pessoas argumentando que todas as religiões levam a Deus, já que todas poderiam ser consideradas verdadeiras. Da mesma forma, também dizem que defender que uma em especial é a que leva a Deus pois é a verdade absoluta seria acima de tudo uma posição inconcebivelmente intolerante, já que seria incompatível com a pluralidade que se advoga ser presente nos dias de hoje.
Aqui é que temos o primeiro problema: confundir verdade com intolerância. Tolerância não é achar que todas as posições podem ser igualmente verdadeiras, mas sim defender que todos têm o igual direito de expressar e defender as suas opiniões, sejam elas quais forem.
Um posicionamento tolerante de uma pessoa não torna o que a outra pessoa diz verdadeiro, assim como um posicionamento intolerante não torna o torna falso. Opiniões contrárias podem existir. Verdades contrárias, por força da lógica, não podem existir.
No caso específico do Cristianismo, temos o mais claro exemplo disso: falamos aqui de um sistema de pensamento que alega ser a verdade absoluta e que é extremamente tolerante.
No post de título “Dizer que só o Cristianismo tem a verdade não seria intolerância?“, esclareço com mais detalhe este ponto:
O Cristianismo declara sim ser a única verdade e isso não tem nada a ver com a análise de se é ou não tolerante. A sua tolerância se verifica quando não propõe que ninguém seja forçado à conversão, ou que devemos respeitar o que os outros dizem e defender inclusive que eles devem ter o direito de pensar o que quiserem e expressar este pensamento. O cristianismo diferencia-se, contudo, das demais visões de mundo ao dar bases científicas para investigação da sua veracidade, o que o torna, além de exclusivista como as outras religiões, a única que não só está aberta, mas também incentiva que as pessoas examinem e investiguem as verdades que expõe. (Tassos Lycurgo)
Vimos, portanto, que a tolerância nada tem a ver com a veracidade do que se diz. Assim, concluímos que para sermos tolerantes temos de respeitar o direito de qualquer religioso de expor o seu ponto de vista e de apresentar os argumentos em defesa de sua religião.
Um país verdadeiramente laico e tolerante, só para deixar claro, não é um país antirreligioso, mas sim um em que a liberdade religiosa é ampla e todos têm o direito de expressar sua religião de forma a respeitar a expressão do outro.
Da mesma maneira, as universidades públicas devem abrir espaço para o debate religioso, em que se possa discutir de forma respeitosa qual o sistema de pensamento que representa a verdade.
Estar aberto à expressão religiosa nos limites do respeito às demais expressões seria dizer ou aceitar que todas as religiões levam a Deus? A resposta é não, por uma questão de lógica.
A afirmação de que as religiões são sistemas de pensamento que trazem afirmações inconciliáveis entre si não é uma opinião, mas sim um fato. Só para pegar um breve exemplo, veja que um dos pilares do Cristianismo é a afirmação de que “Jesus é Deus”, afirmação que os outros sistemas de pensamento não aceitam, a exemplo do judaísmo, do islamismo, ou mesmo do espiritismo.
Como, por força da lógica, Jesus não pode ser e não ser Deus ao mesmo tempo, o Cristianismo e as demais religiões também não podem ser todas verdadeiras. Como religiões falsas não podem levar ao Deus verdadeiro, dizer que todas as religiões levam a Deus é, portanto, um erro de lógica.
Assim, em conclusão, vimos que:
- Somente religiões verdadeiras levam ao verdadeiro Deus;
- Sistemas inconciliáveis de pensamento não podem ser todos verdadeiros;
- As religiões são sistemas inconciliáveis de pensamento.
- Portanto, As religiões não podem todas ser verdadeiras e, dessa maneira, não podem todas levar ao verdadeiro Deus.
Para saber mais sobre este tema, sugiro que assista ao breve vídeo logo abaixo:
Obs: Tassos Lycurgo é presidente do Defesa da Fé Ministério (defesadafe.org) e do Faith.College, pastor da Igreja Defesa da Fé em Natal – RN, ordenado pelo RMAI (EUA), advogado (OAB/RN), professor da UFRN no Programa de Pós-graduação em Design, professor do RBT College (Guatemala), professor convidado do RBT College (EUA) e professor visitante da Oral Roberts University (EUA, 2012-2015). É Pós-Doutor em Apologética Cristã (ORU, EUA) e em Sociologia Jurídica (UFPB), PhD em Educação – Matemática/Lógica (UFRN), Mestre em Filosofia Analítica (Sussex University, Inglaterra), Especialista em Direito Material e Processual do Trabalho (UNIDERP), Graduado em Direito (URCA), Filosofia (UFRN), Liderança Avançada (Haggai Institute, Tailândia), Ministério Pastoral e Estudos Bíblicos (RBT College, EUA), tendo também estudado na Noruega. Publicou nove livros, sendo o último deles: “Job. Betrayed by God? Delivered to the Devil?”, cuja publicação para o português se deu pelo título “Jó. Traído por Deus? Entregue ao Diabo?”
Imagem e vídeo enviados pelo autor