Panta Rei! Era como gostava de exclamar Heráclito de Éfeso, acerca de 2.500 anos atrás. Expressão grega que significa “tudo flui, muda e está em constante transformação”. Não há absolutamente nada, neste Universo, que não esteja em permanente mutação e movimento, quer estejamos falando de galáxias, de qualquer aspecto relacionado aos seres vivos ou sobre o mundo subatômico. Portanto, as religiões não fogem a esse “determinismo cósmico”. Nenhuma é, atualmente, a mesma de quando criada. Sem exceção. Então, nada mais correto do que aceitar a ideia de que no futuro elas serão bastante diferentes do que são hoje, inclusive porque continuarão a se influenciar através do diálogo “inter-religioso” e do movimento ecumênico. Como o atual paradigma científico nos indica que tudo se relaciona com tudo, tudo influencia tudo, tudo é um incomensurável “Holos/Ecos”, não tenho dúvida que as religiões irão incorporar os novos entendimentos sobre a Realidade proporcionados pelo “saber científico”, principalmente pela “sempre surpreendente” e “mágica” física quântica. Também acredito que, com os avanços exponenciais do conhecimento e universalização da educação básica e superior (de qualidade e que seja estimuladora da crítica e da autonomia intelectual), haverá o surgimento de uma futura “religião” ou filosofia existencial. Ela será sincrética e terá em sua essência (em total consonância com a Ciência), no mínimo, as seguintes “verdades provisórias” (pelo menos neste Universo de aproximadamente 14 bilhões de anos): 1) independente do “apelido”, existiu um “início criador”, conhecido popularmente como Big Bang ou Grande Explosão; 2) tudo é formado da mesma “energia vital/quântica” que, de acordo com cada tradição ou religião, possui várias denominações; 3) como dito inicialmente, existe uma unidade e interdependência de todas as coisas e a impermanência/mutabilidade é a regra; 4) tudo, neste Universo, é resultado de uma relação de causa e efeito (Carma para os espiritualistas ou 3ª Lei de Newton para os cientistas). Portanto, só podemos “colher” aquilo que plantamos, tanto a curto quanto a médio e longo prazo, não só para nós, mas para os que nos cercam (família, amigos, sociedade, planeta, etc); 5) a norma é a evolução de tudo e de todas as coisas, processo que acontece em saltos quantiqualitativos; 6) com livre arbítrio e total autonomia, podemos (e devemos) interferir, em tempo real, na realidade de todos os processos universais; 7) existe, portanto, uma responsabilidade pessoal (e intransferível) em relação a tudo e todos; 8) a essência/energia (quantum ?) que compõe todas as formas de vida (inclusive a humana) é eterna e tem em si, desde o Big Bang, todas as informações do passado (ou é a própria “informação” em forma de onda/partícula) sendo capaz de acumular todas as vivências do presente e as carregará para todo o sempre, isto é, para o “eterno futuro”; 9) A busca e a construção da Iluminação, do “Religare”, da Consciência Cósmica/Crística/Búdica, que transforma Vida Energia em Vida Consciência, terá como companheira o conhecimento científico e será um “caminhar” alegre, prazeroso e sem culpas; 10) na jornada espiritual da humanidade não há, absolutamente, necessidade de intermediários nem de cultos a personalidades ou autoridades. E que assim seja!

Publicado no jornal Diário de Pernambuco em 25/05/2017, Seção Opinião, página 2

Obs: O autor, Prof. Dr. Aurélio Molina, Ph.D pela University of Leeds (Inglaterra) é membro das Academias Pernambucanas de Ciências e de Medicina, professor da UPE, Coordenador do Programa Ganhe o Mundo.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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