Tatiana Nicz 15 de dezembro de 2019

Maria Lucia acordou sem motivação, era mais um dia para colocar seus pensamentos em ordem e ela não conseguia pensar em mais nada a não ser em mudanças. Em tão curto espaço de tempo sua vida deu uma reviravolta gigantesca.

Dormiu um sono sem sonhos, acordou se sentindo péssima. O corpo todo dolorido, a cabeça girando, não sabia mais que dia era e o que o dia lhe traria. Tudo era distração. Mas, o mais importante: pensar no futuro, planejar, entender, isso ela tentava não fazer, adiava. Pensava apenas em como, num piscar de olhos, tudo poderia mudar… E as coisas mudam. Se não por nossa vontade, por imposição da vida. E somos obrigados a realizar, de fato, alguma mudança.

Em algum lugar, Maria Lucia leu: O homem absurdo é aquele que nunca muda. Auguste Barthélémy.

Ela sabia que nada nessa vida dura para sempre, mas por que então sentia tanto medo das mudanças?

Mudanças, muitas vezes são boas, escolhidas por nós, com preparo, dedicação, apreço e, principalmente, planejamento. Dessa vez ela não havia escolhido, pelo menos não conscientemente. Foram mudanças forçadas por circunstâncias da vida. Mudanças que no começo assustaram, deram frio na barriga, afloraram o sentimento de vulnerabilidade – toda aquela sensação que temos quando vamos de encontro ao desconhecido.

Acordou assustada. Um leque de possibilidades se abria a sua frente, ela tinha medo. Pensou que mais um novo dia se seguia sem saber o que o futuro traria. Sentia um vazio tão grande, de tudo que havia deixado para trás, da porta que se fechava a sua frente. Por que é preciso perder as coisas para dar valor?

Escolher um rumo é tarefa árdua. Ela, muitas vezes, havia estado nesse lugar. Um vazio grande lhe tomava o peito, um medo a paralisava. Era tarde, nada podia fazer. Ela sabia: somos livres para fazer nossas escolhas, mas também somos prisioneiros delas. Foi um caminho que ela traçou. Sabia que era capaz e que tudo que acontecia agora em sua vida era apenas reflexo de suas escolhas.

Um caminho tortuoso a espera pela frente. Não tem volta. Enxugou as lágrimas e lembrou tudo de bom que já viveu, lugares que visitou, pessoas que cruzaram seu caminho. Por um minuto sorriu. Sim, era hora de ter esperança, deixar o medo ir, confiar e ter fé que toda mudança, por mais tortuosa que seja, é movimento, é vida, requer coragem e muita, mas muita, dedicação. Afinal, amanhã será um novo dia e uma nova oportunidade para recomeçar. Mas hoje, só por hoje, ela não queria mais pensar.

Obs: Imagem enviada pela autora.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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