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Produção estadunidense do ano de 1989, “Sociedade dos poetas mortos” foi indicada ao Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Diretor e Melhor Ator, além de Melhor Roteiro Original, sendo, nessa última, laureado com a estatueta.
Sua ambientação é do final dos anos 50, numa época marcada por transformações sociais. Mostra a história de uma classe de alunos do tradicional colégio Welton, cujas palavras de ordem eram “tradição, disciplina, honra e excelência”, um modelo de educação que os pais almejavam para seus filhos, já que exerciam forte influência sobre o futuro deles.
Durante a cerimônia de abertura do ano letivo, o novo professor, John Keating, é apresentado aos estudantes e, devido a seus métodos pouco convencionais, ganha a simpatia dos alunos, mas, em contrapartida, provoca incômodo à Direção do Colégio.
O filme é repleto de situações que podem nos remeter a muitos pensadores, tendo em vista que a busca do conhecimento, vontade e liberdade sempre foram objetos de reflexão. Para Sócrates, por exemplo, a educação tinha como finalidade não somente a transmissão de conhecimento, mas a busca do autoconhecimento, conforme sua célebre frase “conhece-te a ti mesmo”.
No decorrer da trama, o Prof. Keating acaba alimentando as divergências entre pais e filhos na escolha da carreira, instigando os alunos a questionarem-se sobre suas vontades. Seus métodos de ensino acendem o conflito entre a tradição do Colégio e a liberdade de escolha dos jovens. Ainda mencionando Sócrates, “uma vida sem reflexão não vale a pena ser vivida”.
A questão da liberdade é levantada desde o início do filme, quando os alunos são obrigados a curvarem-se aos princípios embasados nos quatro pilares da Instituição. Entregues aos cuidados do Colégio, passam a adotar uma postura quase militar, o que impede eventuais expressões consideradas “fora dos padrões”.
No existencialismo de Jean Paul Sartre, o filósofo francês desvincula a liberdade da vontade divina e conceitua que ela é uma decisão individual. “O homem é condenado a ser livre”, sendo, portanto, único responsável por suas escolhas, não havendo um destino pré-estabelecido na vida.
Destaque para o personagem Neil Perry, estudante entusiasta das ideias de Keating, que resolve seguir seu coração e, movido pela poesia, descobre o teatro como objetivo de vida. Mas essa escolha esbarra na vontade do pai, que decide que filho será médico. Ao ver seu sonho frustrado, o jovem lança mão de uma atitude trágica.
Entendo tratar-se de um filme denso, que aborda vários aspectos do relacionamento humano, ficando explicita a dissonância nas relações entre instituição e professor, colégio e alunos, educador e educandos, pais e filhos, além das diferenças de atitude entre os próprios estudantes.
Decorridos mais de meio século, ainda persistem os questionamentos quanto aos objetivos das instituições, padrões e qualidade de ensino, relações familiares e métodos de educação, insatisfações da juventude, entre outros. Enfim, reflexos do comportamento humano, na eterna e intrincada busca por uma convivência mais harmônica.
Para finalizar, vale lembrar a poesia de Henry Thoreau, mencionada no filme:
“Fui para os bosques para viver deliberadamente,
para sugar todo o tutano da vida.
Para aniquilar tudo o que não era vida,
e, para quando morrer, não descobrir que não vivi”.
Nela está contida a necessidade de se viver intensamente a vida, tal qual a expressão Carpe diem, que vem do latim e que significa “colha o dia”, ou “aproveite o momento”.
Obs: O autor é graduado em Licenciatura em Filosofia, escritor de poesias e contos, com premiações em concursos nacionais e internacionais, tendo textos de ambos os gêneros publicados no exterior. Publicou o livro “Arcos e Frestas”, selecionado em 2002 no “3º Concurso Blocos de Poesias”, no ano de 2003. Também foi premiado na categoria crônicas, sendo que algumas delas foram publicadas no Jornal de Piracicaba em 2001, 2002 e 2005. Também é letrista, compondo em parceira cerca de 20 músicas, de diversos gêneros. Escreveu também os originais de “Mar adentro, mundo afora” (poesias) e “Paredes e tons” (contos), para lançamento em breve (aguardando patrocínio).
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