Às vezes sinto vontade de chorar.
Sim, uma enorme vontade de chorar.
Desabar num canto qualquer,
desses cantos que a mulher nem acha,
por ter que ser firme, ter que ser forte
e não gozar a manha de ser, apenas ser
de vez em quando, um tanto fraca.
Sim, às vezes eu tenho vontade de chorar,
desabar debaixo de um travesseiro,
e caso bebesse, sair à procura de um bar.
Um bar somente, sem gente,
só o copo, a bebida e um guardanapo.
Me faria de trapo, amanheceria na boemia
e, quem sabe, escreveria uma poesia.
Um poema cheio de vazios e dúvidas,
dedicado a mim mesma; sim, por que não?
Quantos poemas dediquei a mim?
Afogaria lágrimas num copo de cerveja
(ah se eu bebesse!),
espantaria a tristeza num poema molhado,
de amor, compaixão e repúdio a esse novo mundo.
Obs: A autora é poeta, administradora e editora da Revista Perto de Casa.
http://pertodecasa.rec.br/
Imagem enviada pela autora (Cândido Portinari – Mulher Chorando)