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Há poucas semanas vimos, Brasil afora, tanta gente até a fazer vigília para preparar os tapetes floridos e coloridos para a passagem da procissão da hóstia consagrada cultuada como sinal da presença real de Jesus na Eucaristia. Mesmo não sendo mais feriado nacional, a festa de “Corpus Christi” persiste em alguns lugares como feriado municipal ou até como feriado ou quase feriado de fato, o que demonstra a força desse costume tradicional. E mostra quão importante é ainda essa devoção aos sinais eucarísticos. Chega até a ser comovente contemplar essa piedosa mobilização popular em torno da devoção à santa Eucaristia. Por isso, creio que valha a pena refletir sobre o mistério da presença viva de Jesus entre nós, mesmo que Ele nos seja imediatamente invisível.
1.A origem medieval e devocional da “exposição” e adoração ao Santíssimo Sacramento
A Teologia é raciocínio humano, embora radicado na fé e por ela regulado, pois é a fé em busca de compreender, “fides quaerens intellectum” (a fé em busca da razão), dizia Santo Anselmo, genial teólogo do século Xº, considerado fundador da Teologia Escolástica, monge originário das antigas regiões ítalo-francesas e Arcebispo de Cantuária na Inglaterra. Porque é raciocínio humano, a função da Teologia é só propedêutica e introdutória, de pedagogo, como o Apóstolo São Paulo dizia do papel da Lei (cf. Gl 3, 23-29). Deve conduzir-nos àquele momento de profundo silêncio, de contemplação e de união vital com Cristo. O objetivo da ascensão espiritual não é permanecer frente aos símbolos da presença de Cristo entre nós, mas chegarmos à unidade profunda com Cristo, redefinidora de toda a nossa vida: “É Cristo quem vive em mim”, dizia o Apóstolo (cf. Fl 1, 21. 29-30; Gl 6, 17).
Devemos passar da Teologia, “discurso sobre Deus e todas as coisas enquanto se relacionam com Deus” (definição dada por Santo Tomás de Aquino), passar à contemplação do “brilho da glória de Deus que resplandece na face de Cristo” (2Cor 3, 18). Silenciosa escuta para a aprendizagem de Sua experiência filial. Atenção aos “gemidos inenarráveis do Espírito”, ao testemunho íntimo que nos confirma, com certeza infalível, que somos realmente filhos e filhas de Deus (cf. Rm 8, 26-27).
Na missa medieval, de costas para o povo e em uma língua que cada vez se entendia menos, a história da liturgia nos informa que foi preciso criar a elevação do pão e do cálice após a consagração para que o povo visse os elementos do pão e do vinho. E esse momento o povo desejava que se prolongasse, inclusive para além da missa. O povo desejava continuar a contemplar a hóstia consagrada, símbolo da presença real de Jesus no sacramento, e continuar reunido para orar e permanecer ali em Sua presença.
Dessa devoção popular poderíamos resgatar algumas preciosas intuições: a presença de Cristo continua e se prolonga para além do culto; a adoração, digamos, a convivência com Ele deseja perpetuar-se; o pão da vida é o foco de nosso olhar…
2. Perigos dessa prática devocional
Há, porém, alguns perigos que decorrem dessa prática devocional e que se têm confirmado ao longo dos tempos: a adoração prevalecer sobre a comunhão; o sentido primário da reserva eucarística não é ser guardada para adoração, mas distribuída a quem não conseguiu vir até à sala do banquete comum; a relação afetiva e o ato individual de adoração prevalecerem sobre a celebração comunitária da Ceia do Senhor… Perdera-se, inclusive, a prática da comunhão regular e assídua, estabelecendo-se o “mandamento do mínimo”: “Comungar ao menos uma vez cada ano pela Páscoa da Ressurreição” ficou sendo mandamento da Igreja, para escândalo de nós hoje em dia, de tal modo se estava longe do real sentido do sacramento, a que ponto se tinha chegado de distância em relação à celebração eucarística. Acentuou-se a distância entre o “ícone” (a hóstia) e a prática eucarística, a atitude devocional afastando-se da exigência da prática do amor, da comunhão, da comunidade. A celebração da Eucaristia se tornava uma devoção entre tantas outras. Daí, foram surgindo práticas novas, como a adoração a corporais manchados de “sangue”, a solenidade das procissões eucarísticas, a multiplicação do exercício da “hora santa” de adoração… a própria missa reduzindo-se a ato devocional individual, perdendo seu caráter de “ceia” e de “ceia comunitária”: “Vou assistir a minha missa”… A Eucaristia foi destacada dos demais sacramentos e quase retirada do nível do “símbolo” para ser imaginada num perigoso sentimento “fisicista” que localiza e objetiviza a presença real de Jesus, cujo resultado é alienante em relação ao testemunho dos evangelhos e alheia ao que significa “sacramento” na tradição cristã autêntica. No Concílio de Trento, porém, se distinguia claramente entre “presença” física e “presença mística” do corpo de Cristo.
O Cristianismo bíblico se baseia no “escutar” a Palavra, enquanto a idolatria se baseia no “olhar” voltado para as imagens dos ídolos: escutar é dirigir atentamente o ouvido na direção de outrem, atender suas necessidades, sair de si; olhar facilmente é projetar-se nas imagens criadas, atitude narcísica de refletir-se no espelho… é sempre perigoso objetivizar o sagrado e projetá-lo fora de nós que somos, na verdade, “a imagem e semelhança de Deus” (cf. Gn 1), a única autorizada, pois por Ele mesmo modelada (cf. Dt 5, 7-11). Sagradas não são primariamente as coisas, sagradas são as relações que se dão entre nós mediante o dom que são as coisas.
3. Dimensões do mistério da Eucaristia
Celebrar a Eucaristia é constituir o “símbolo”, isto é, o traço de união entre nós hoje aqui (o sinal visível) e o Corpo real, não físico, mas místico de Cristo (a realidade invisível): Jesus ressuscitado, corpo glorioso, e a Igreja Seu corpo terrestre em aliança com todas as pessoas redimidas, vivas ou mortas.
Celebrar a Eucaristia é participar da eterna Ação de Graças (Eucaristia) de Jesus, Filho de Deus. É erguer o “memorial” dos acontecimentos de salvação na história, cuja marca é o sacrifício, isto é, a doação da vida, como denúncia de todo mecanismo que impõe sacrifício e morte. É profecia, denúncia de qualquer sistema de apropriação e anúncio que aponta para o banquete da plena comunhão mediante a partilha. É revelação e anúncio da presença perigosa da chama viva do “EU SOU” (cf. Ex 3, 7-15) no coração do que há de mais profundo na experiência humana pessoal e coletiva: a liberdade, o amor, a obediência ou o recíproco serviço, até a morte. É promessa escatológica, penhor da ressurreição, antevisão da transfiguração do cosmos material, “anámnesis” (memorial), diria o famoso teólogo socialista e anglicano Frederico Maurice, “memorial” que traz à tona aquele processo invisível da recapitulação de tudo em Cristo: se o Verbo de Deus se fez corpo, coisa material, é promessa de que todas as coisas estão para sempre destinadas a ser Verbo de Deus, como lemos no relato da Criação: Ele pronunciou a Palavra e essa se fez coisas.
4. Resgatar na devoção a experiência eucarística
O encontro ou reencontro com a devoção popular contém uma dimensão pedagógica muito importante para quem preside no ofício pastoral ou trabalha com Teologia, ou seja gente de liderança ou mais instruída. Lembro-me bem de uma enfática recomendação de Dom Helder Camara, o famoso (costumo dizer “eterno”) Arcebispo católico-romano de Olinda e Recife. Dizia a padres e a professores(as) e estudantes de Teologia: Pensem com liberdade, enfrentem com coragem e honestidade os desafios que o mundo de hoje propõe à fé cristã, estabeleçam diálogo com intelectuais, mas, por amor de Deus, não entrem de botas na fé do meu povo. Para aprender isso, é particularmente pedagógico não manter-se apartado(a) do povo cristão, como se fôssemos uma elite superior e iluminada, antes, manter-se na comunidade, orar com prazer junto com pessoas iletradas, ajoelhar-se e observar as mesmas devoções de bondosas e simples velhinhas piedosas (seguramente bem mais santas que nós…), para apagar qualquer sentimento de vã superioridade. Reencontrar-se com essa devoção popular deve levar a reinterpretá-la à luz das mais genuínas dimensões do mistério da Eucaristia.
A atitude de devoção pode conter em si a intuição de uma dimensão fundamental. Para além da celebração comunitária da Eucaristia, é como se quiséssemos continuar a ação de graças ao Pai, atitude que permanece como sol que não se apaga, a irradiar luz para nosso quotidiano. O sinal da presença permanente de Jesus entre nós é o chamado inapagável para reunir-nos em volta d’Ele como centro de convergência, força centrípeta de atração, nós em volta do Mestre, como as Marias do Evangelho (cf. Lc 1, 26-38; 10, 38-42), para aprendizagem-discipulado da condição de filho(a), mediante Seus gestos e palavras (cf. Jo 13-17). E força centrífuga enquanto, como Jesus, somos enviados(as) para irradiar comunhão e operar para construí-la e manifestá-la.
Os sinais eucarísticos de pão e vinho, o Cristo, de certa forma, tornado coisa: “isto” é meu corpo, é meu sangue, sua realidade transcendente feita “isto” para revelar aquela dimensão mais íntima da realidade criada: como nos ensina o Novo Testamento, Cristo é o “Lógos”, a Palavra criadora do universo (cf. Jo 1, 1-18), por isso nosso grande pedagogo (cf. Jo 1, 16-18). Podemos aprender com a Eucaristia a sacralidade de todas as coisas, o corpo, o que temos de mais precioso, o “símbolo” maior de nossas relações com o mundo, semelhante aos vasos mais caros, se despedaça e se entrega em favor da multidão (cf. Mc 14, 1-11 em paralelo com 14, 12-31).
A reserva eucarística permanece como “memorial” perene dos atos salvíficos de Deus na história, através dos elementos quotidianos da experiência humana, trazendo a ação divina de salvação para mais perto de nós: pão, vinho, luz, flores, beleza do espaço onde se renova nossa comunhão… chamando-nos permanentemente a ser instrumentos de salvação através de nossos gestos corporais e das coisas a que temos acesso na vida comum de cada dia, lembrando-nos sempre de que o banquete está permanentemente aberto a quem ainda não veio ou não voltou (cf. Lc 15).
A reserva eucarística pode lembrar-nos continuamente do ministério perene de Jesus junto ao Pai, Sua eterna intercessão, sua função sacerdotal e “pontifícia” (de ponte) que não cessa nunca e à qual nós nos associamos pelo Batismo, como nos explica tão belamente a Epístola aos Hebreus. O pão e o vinho permanecem para seguirmos mantendo comunhão com quem não vem, alimentando quem está ausente, ou prisioneiro, as pessoas enfermas, pobres, quem não se julga com dignidade para se aproximar, excluídas das mesas dos banquetes do mundo. O pão/vinho permanece para marcar o tempo intermediário entre a Cruz e a Ressurreição: a Cruz é a suprema exclusão, Seu corpo dilacerado feito impotente para curar e realizar milagres revela agora Sua potência na partilha das coisas (cf. Mc 6) – comer e beber que fazem o corpo do mundo e, assim, já se desenha a nossos olhos a antevisão do corpo transfigurado, a realização do banquete escatológico, a suprema e mais plena inclusão que se possa imaginar (cf. Apocalipse).
A Eucaristia é sacramento do Corpo de Cristo que somos nós e nossas coisas, secreto mistério que pulsa no centro do universo, como coração a bombear permanentemente o dinamismo mais radical dos seres criados: realizar a comunhão que brota do Princípio que é, ao mesmo tempo, o modelo de toda a realidade: a eterna roda de dança (“pericorese”, como diziam os Pais da Igreja), a imagem da roda de dança para representar as relações na vida trinitária, Pai, Filho e Espírito Santo em contínuo movimento, cada qual a trocar continuamente de posição e de lugar, roda de dança pela qual as pessoas divinas se entregam plenamente umas às outras, em eterno abraço, sem reservas e sem medo de perder-se… Eis o modelo e o princípio de nossa vida em Cristo, Ele que nos introduz nessa inefável roda de dança em que se move eternamente a Trindade Santíssima.
Gostaria de concluir com duas referências a Dom Helder Camara, uma das pessoas mais devotas à Eucaristia que conheci, ele que celebrava a missa de cada dia como se fosse a primeira de sua vida, e nós o sentíamos claramente, era como se entrasse em êxtase místico. A vigília da madrugada o preparava para vivenciar o mistério da Eucaristia no dia que se iniciava. E a missa o preparava para estar com Deus e sobretudo em Deus, em sua inteira jornada, como se se desdobrasse em todos os seus gestos do quotidiano.
Pois bem, conta o Dom numa de suas cartas que certo dia foi visitado por um grupo de senhoras que lhe chegavam escandalizadas com o que tinha acontecido na antiga catedral de Olinda. Ladrões tinham arrombado o templo, aberto o tabernáculo e jogado pelo chão as partículas consagradas. Naturalmente pensavam que os vasos fossem de metal precioso. As senhoras estavam extremamente chocadas com o acontecido. Dom Helder se solidarizou com elas e lhes disse da tristeza que também tinha experimentado. Elas lhe propunham convocar um ato público de desagravo a essa terrível agressão ao Santíssimo Sacramento. Combinaram realizar o ato. Ele, porém, aproveitou da ocasião para ir mais adiante na catequese sobre a Eucaristia, mais ou menos nestes termos: Só sinto que não nos escandalizemos da mesma maneira, em nosso dia a dia, quando vemos o corpo de Jesus jogado nas sarjetas e na lama de nossas periferias e até do centro da cidade. Sim, minhas irmãs, o corpo dos pobres é o Cristo vivo entre nós, foi Ele mesmo quem o disse com toda a força de Sua palavra, é o que lemos no Evangelho de São Mateus, na cena do Juízo Final (cf. Mt 25). Não havia, para o Dom, a menor sombra de distância entre o sacramento do Corpo de Cristo e o corpo dos pobres como sacramento, “o Cristo vivo” era umas de suas mais caras expressões para falar dos pobres.
Numa outra carta, justamente na vigília de Corpus Christi, descreve como se costuma fazer no Recife: no centro da cidade, na “Pracinha do Diário”, o povo se congrega para aguardar o Arcebispo que deverá chegar com o ostensório a mostrar a hóstia consagrada. Fará o sermão e em seguida abençoará a multidão enquanto traça a cruz com o ostensório. O povo prorromperá em vivas e palmas para aclamar a presença sacramental de Cristo entre nós na hóstia consagrada. Depois de descrever a costumeira cerimônia que acontece todo ano, confia a seus amigos e amigas como ele mesmo gostaria de celebrar a presença do “Corpo de Deus” entre nós: ir à periferia, conseguir um caminhão, encher a carroceria de mendigos(as) e ele mesmo vir junto com eles e elas em direção ao centro da cidade. Ao chegar, quando a multidão o aguardava com o ostensório e a hóstia, gritaria com toda a força apontando para o grupo de seus(as) companheiros(as): “Eis o Cristo vivo, adoremo-lo!”, e o Arcebispo, para surpresa da multidão, se ajoelharia diante do grupo de mendigos e mendigas em gesto de adoração a Jesus presente entre nós no corpo machucado das multidões humilhadas de pobres do mundo. Para ele era evidente que a Eucaristia nos convoca ao amor, à comunhão e à obra revolucionária de restauração das multidões marginalizadas e excluídas, “os corpos de caídos na guerra da miséria que se alastra pelo mundo inteiro”. Para ele há um vínculo essencial e radical entre o Cristo dos altares, contemplado nos sacramentos, e “o Cristo vivo”, como gostava de dizer, que nos interpela a cada momento no sacramento que é a multidão de pobres do mundo. Estava na continuidade dos antigos Pais da Igreja quando diziam que na celebração da Eucaristia adoramos a presença de Cristo “no símbolo” para aprender a encontrar Sua presença “na realidade”: em sua significação mais original, o símbolo é o que une a realidade visível com seu conteúdo invisível, tornando-o, assim, presente.
Nos sacramentos temos, então, não uma presença estática, factual, ou pior ainda “meio mágica” “algo que simplesmente está aí”. Mas trata-se do que se deveria designar uma “presença dinâmica”, uma ação, um processo em ato; Ele se manifesta enquanto Se comunica conosco, como Cabeça de que nós somos o Corpo, num movimento que nos leva do sinal (“sacramentum”) até à realidade (“res”, coisa, diziam os antigos teólogos), enquanto nós mesmos(as) nos tornamos o traço de união entre as duas dimensões, nós nos tornamos “sacramentum et res”, somos o sinal da presença do Corpo de Cristo enquanto nos tornamos realmente uma só coisa com Ele, na medida em que nos tornamos semelhantes a Ele no quotidiano de nossa vida. Essa inefável intimidade, a Bíblia a imagina como relação entre esposo e esposa (cf. Ef 5, 21-33), ou relação íntima de irmãos ou amigos, como acontece na pertença dos galhos ao tronco da videira (cf. Jo 15) ou na intimidade possibilitada pela amizade entre pessoas (cf. Jo 17, 21-26), ou, finalmente, na intimidade maior de ser o mesmo Corpo (cf. 1Cor 12, 12ss). Que maravilha pensar que o Filho de Deus, a segunda pessoa da Santíssima Trindade, já não é completo sem nós, exclusivamente por graça fomos adotados(as) como filhos e filhas no Filho, Ele é a Cabeça, mas Seu corpo só alcança Sua completude conosco (cf. Gl 4-5). Por isso, os Pais da Igreja, sobretudo de tradição grega, falam de nossa vocação à “divinização”. Isto fica sensivelmente expresso no gesto litúrgico de tomar o pão e o vinho na Ceia: o alimento que se transforma em nós é o próprio Cristo, Filho de Deus.
A Constituição sobre a Sagrada Liturgia, do Concílio Vaticano II, inspirada por Santo Agostinho, recorda-nos que a celebração eucarística se faz mediante “sinais”: a comunidade reunida para celebrar já é sinal da presença do Corpo de Cristo entre nós; chega o ministro que vai presidir (não como se diz erroneamente “celebrar”, pois toda a assembleia cristã é celebrante da Ceia comum) e se põe frente ao povo, simbolizando a presença de Cristo Cabeça do Corpo; como o povo é santo e pecador, fazemos a experiência do perdão e nos perdoamos mutuamente; as Escrituras são lidas para que, assim, experimentemos a proclamação da Palavra de Deus, a qual devemos ser ajudados(as) a atualizar em nossa vida pela homilia; finalmente chega o momento da Ceia do Senhor, com os sinais do pão e do vinho. Sobre a comunhão, diz-nos Santo Agostinho mais ou menos assim: “Quando chegas diante de mim e eu te apresento os elementos da comunhão e te digo “eis o Corpo de Cristo”, e tu me dizes ‘Amém’, eu compreendo que me respondes: “É isto mesmo, eu sou o Corpo de Cristo”, e tu recebes aquilo que tu já és, o Corpo de Cristo”.
Quem sabe, assim fica mais claro o sentido do canto de comunhão que diz: “Comungar é tornar-se um perigo, viemos pra incomodar, com a fé e a união nossos passos um dia vão chegar”. Sim, é um perigo, como muito bem diz a Epístola aos Hebreus: “Quão terrível (poderíamos dizer: comprometedor) é cair nas mãos do Deus vivo!” (cf. Hb 10,31).
Obs: O Autor é Bispo Emérito da Diocese Anglicana do Recife
Igreja Episcopal Anglicana do Brasil – IEAB….
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