
(ou a breve história de Maria Adélia)
como uma corredora de maratona
ela própria monitorou o ritmo da respiração
a hora de cortar a fita de chegada
o prêmio que queria pendurar em sua vida
quebrou o espelho
não se sabe se antes
ou depois de deitar-se na banheira
tomou uma taça de vinho
também não se sabe
se ria ou o misturava ao sangue
escolheu abandonar as passarelas
os vômitos e a brancura do vestido de noiva
não se sabe a hora escolhida
se durante os raios e trovões
ou quando o silêncio lhe doeu nos ouvidos
sabe-se que
ao raiar do dia seguinte
escutou-se os sinais estridentes
de seu gato malhado
anunciando a dor do abandono
vai levar um tempo
para enterrar as lembranças que o vinho marcou de roxo.
Obs: Lourença Lou em diálogo com o poema Cianureto de Ivy Menon
#memória
#real
Arte: Santa Gueda En La Prision – Andrea Vaccaro