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A tão sonhada e perseguida felicidade também já faz parte das pesquisas de acadêmicos de grande parte do planeta. E o mais incrível é que ela vem sendo estudada cientificamente há mais de 30 anos, gerando mais de 3.000 pesquisas que vêm sendo alvo de debates entre diversos estudiosos. Uns que defendem este tipo de avaliação e outros que o condenam, afirmando que a felicidade é algo não-palpável e subjetivo e, por isso, impossível de ser medido.

Um exemplo desse trabalho acaba de ser divulgado. Trata-se da pesquisa da ONG inglesa The New Economics Foundation que apontou o povo do arquipélago de Vanuatu, no Pacífico Sul, como o mais feliz do planeta. Uma população basicamente subdesenvolvida, pois vive da agricultura de subsistência, não tem acesso à água potável, somente 3% possui telefone fixo e a mortalidade infantil é o dobro da brasileira. O Brasil ficou no grupo dos “mais ou menos felizes”, ocupando a 63ª posição. Enquanto a Ucrânia situou-se entre os “mais infelizes”, com a 174ª colocação. Essa pesquisa levou em conta apenas três fatores: expectativa de vida, bem-estar e extensão dos danos ambientais causados pelo homem em cada país.

Outro exemplo é o do World Value Survey, de Michigan nos Estados Unidos. Na sua pesquisa realizada em 2004, os nigerianos foram eleitos os mais felizes, um país africano marcado pela miséria, pelo analfabetismo e pela corrupção. O Brasil ficou em 15º lugar dentre 65 países avaliados. Adotando métodos variados, essa pesquisa partiu de perguntas simples sobre o estado geral de felicidade de uma pessoa num instante qualquer, e indo até ao acompanhamento sistemático das atividades dessa pessoa por várias semanas.

Para Ruut Veenhoven, professor de Condições Sociais para a Felicidade, da Universidade Erasmus de Roterdã, na Holanda, a felicidade geral de uma pessoa deve ser analisada em três níveis. O macro, que revela as características da sociedade em que ela vive e onde se avalia riqueza, justiça e liberdade. O médio, que está diretamente ligado ao grau de autonomia e respeito que a pessoa goza junto às instituições. E, por último, o micronível, que se manifesta nas capacidades pessoais, tais como habilidades técnicas e intelectuais, além das independências emocional e financeira.

Apesar das eternas controvérsias sobre essas pesquisas, de tudo fica um aviso aos povos ditos “civilizados”: o consumismo, a pressa e o sedentarismo, somados à destruição contínua do meio ambiente, ao contrário de nos trazer felicidade, cada vez mais afasta-nos dela. Porque se já não podemos voltar a ser o “bom selvagem” de Rousseau, por outro lado seguimos no rumo certo para nos tornarmos os últimos bárbaros hightechs na decadência já anunciada desta civilização.

Obs: Imagem enviada pelo autor.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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