Dênis Athanázio 1 de junho de 2019

http://obviousmag.org/denis_athanazio/
https://denisathanazio.wordpress.com

_ Doutor.. é estranho o que vou dizer…
Eu sinto muito.
_ Como assim? Continue..
_ Doutor, eu sinto tudo
As dores do mundo
Do trabalhador e do vagabundo
Tô com os nervos à flor da pele
Mas sensível que a pele da flor
Meu corpo sente…e muito, de tudo.
Pra ele não consigo mentir
Ah, bem que eu gostaria
Me facilitaria…
Mas ele me cobra com juros
E eu jurei que pagaria
Mas amanheceu o dia
E estou novamente endividado, sabia?

_ O que eu preciso doutor,
É que o senhor me ajude
A sentir menos e não mais dor
Que a preocupação se apresente
Em suaves prestações de angústia
Uma de cada vez conforme o dia presente.

_ Doutor, quero e preciso ser
Sofisticadamente mais simples
Conseguir deixar as coisas
Um pouco pra lá,
E viver a vida
contando com o “sei lá”
Sem pretensão, sem pretérito,
Abraçar o imperfeito

Amansar sem matar o que sinto
Pois sinto muito
Mas quero sentir pouco
Um pouco menos
Calmaria, sem calafrios,
Com intensidade moderada
Como a paixão de inverno
Que é frio,
por um simples motivo,
O de poder se esquentar ao lado
De um outro alguém.
_ É isso doutor. Isso tudo
Que te contei ou melhor dizendo
Vomitei, não sei.
Talvez eu não tenha salvação.
Ou quem sabe,
Eu só precise de atenção,
De um ouvido atento, de um olhar sem medo.
Sem apontar o dedo.
O que eu sinto já te falei que é muito.
Doutor, você está aí atrás ainda?
_ Sim. Acho que sim. Responde o doutor e continua:
Podemos deixar agendado as sessões toda segunda quarta e sexta para os próximos 5 anos? O que acha?

Obs: O autor é Psicólogo, palestrante, terapeuta de família casal.
Imagem enviada pelo autor.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


busca
autores

Autores

biblioteca

Biblioteca

Entrelaços do Coração é uma revista online e sem fins lucrativos compartilhada por diversos autores. Neste espaço, você encontra várias vertentes da literatura: atualidades, crônicas, reportagens, contos, poesias, fotografias, entre outros. Não há linha específica a ser seguida, pois acreditamos que a unidade do SER é buscada na multiplicidade de ideias, sonhos, projetos. Cada autor assume inteira responsabilidade sobre o conteúdo, não representando necessariamente a linha editorial dos demais.
Poemas Silenciosos

Flickr do (Entre)laços
[slickr-flickr type=slideshow]