![](https://entrelacosdocoracao.com.br/wp-content/themes/entrelacos/img/point.png)
[email protected]
http://www.blogdeinamlo.blogspot.com.br/
http://meloina.blogspot.com.br/
http://www.inamelo.blogspot.com.br/
Num fim de tarde de Primavera estávamos eu e um amigo, degustando um valioso “Chateneuf de Paper” no famoso café Les Philosophes. Em torno de um copo de vinho só podia mesmo ser o cético Baudelaire, o ponto máximo da conversa. Um burburinho se fez ouvir de repente no Café e eis que surge um estranho casal. Em pleno século XXI, duas figuras estranhas às demais ali presentes. O homem alto de cabelos compridos grudados na cabeça, usando uma roupa branca desgrenhada. Ela, ao contrário, uma esbelta jovem provocante num elegante vestido com muitas saias e um decote de onde pulavam duas lindas maçãs em forma de busto. No pescoço de garça, uma fita de veludo preta com um medalhão. Realmente, eles não eram desse mundo. O mais interessante é que vieram diretamente pra nossa mesa e com uma curvatura de cabeça se convidaram para sentar. Atônitos, concordamos. Ai começou um dos mais estranhos diálogos, onde a poesia foi o único assunto a ser conversado entre nós. O meu companheiro profundo conhecedor do velho poeta, era até capaz de completar os poemas recitados. Enquanto isso, várias garrafas do néctar foram consumidas. Com a mistura de vinho e poesia, logo a jovem estava encantada com o meu acompanhante e ele, claro com os olhos mergulhados no seu belo e palpitante busto. A noite chegou sem que dessemos conta.Seguindo à risca o poeta e totalmente embriagados, saímos do Café na companhia dos novos parceiros de copo. Ao chegarmos perto do Metrô, ante à luz bruxuleante dos lampiões, a jovem se abraçou com o meu amigo, entregando -lhes os lábios rubros de vinho. O velho sorrindo puxou o meu braço e disse baixinho. Não se preocupe. Nós não somos deste mundo. Daqui a pouco vou leva-la para o “Pére la Chaise”. É lá que moramos desde o século XVIII. Logo um vento soprou no ar e eles sumiram na luz esfumaçada da primaveril noite parisiense. Ainda embriagados de vinho e poesia seguimos com os corpos colados para o refugio dos bem vivos! O4/019.
Obs: Imagem enviada pela autora.