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O casal entra no restaurante para jantar.

– Amor, esses pratos do cardápio servem duas pessoas. – diz a esposa.

– Tudo bem. – responde o marido.

Ele percebe que ela está com muita fome e diz:

– Hoje você escolhe o prato que quer comer e eu te acompanho.

– Tudo bem, querido! Eu escolho este! – diz a esposa, olhando o cardápio.

Ele percebe que a mulher escolhe o prato que ele mais gosta de comer e não o preferido dela. Por um segundo ele não diz nada, mesmo entendendo o que ela fez, ela queria agradá-lo, renunciou seu desejo pelo desejo dele. Em respeito à renúncia de carinho da mulher, ele responde:

– Tudo bem, amor. Vamos chamar o garçom e fazer o pedido que você escolheu pra gente.

Foi um diálogo sem som, ligado por um laço de amor invisível, onde ganha quem perde, e essa perda, faz quem perdeu ficar alegre por ver o outro alegre. Surgirão outros dias nos quais ele terá que perder essa perda que também é ganho. Não existe um segredo mágico para um relacionamento durar. Nem 12 passos, nem 10 dicas para um relacionamento feliz. “O buraco é mais embaixo”. A vida é feita de poesia, suor, sangue e realidade. Muitas vezes ela é dura. Então, é necessário esforço e doação voluntária de ambas as partes; Se um se doa demais, este mesmo se cansa, adoece. Se os dois individualmente, nunca perdem, o casal nunca ganha também. São estranhos que namoram ou moram juntos mas não se enxergam.

Estamos vivendo a era do monólogo e não do diálogo onde eu tenho muito a dizer e pouco a escutar. Tenho muito a receber e pouco para dar. A alegria do casal está na caminhada, no encontro às vezes desencontrado. Quando você joga uma corda para resgatar alguém em um poço escuro, tem pouca visão da corda e da pessoa lá embaixo, mas sente que existe uma vida segurando-a. É o laço invisível. Os dois se esforçam. Um para segurar, e outro para subir. No final de tudo, só ganha se os dois perderem, cada um a seu modo, cada um com seu limite. Quem só quer ganhar não pode se relacionar com ninguém. Se você é um desses, faça um favor ao mundo e fique quietinho onde está.

Obs: O autor é Psicólogo, palestrante, terapeuta de família casal.
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