capital do samba & da poesia

Do alto do céu, nas nuvens, vislumbro o Corcovado, as montanhas, a baía e a floresta — o mistério e a magia do Rio, de janeiro a dezembro. (Vislumbro e me deslumbro.)
Ao chegar, minha alma canta em tom maior e eu vejo o mar, as aves e ilhas — as maravilhas da cidade. (Todas me arrebatam.)
Ao sair do avião, o ar da terra me invade — o ar dor da raça, o ar da praia, o ar da graça.
E, ao pisar o chão do coração do país, meu peito arde e eu sinto, lá dentro, pulsões e frenesis. Me movo com certa solenidade, como se estivesse penetrando no paraíso — um plano de fantasia, pleno de prazer e liberdade.
Peço licença a São Sebastião, a todos os orixás e aos cariocas todos — uma gente mais que linda, um povo quase feliz — e penetro túneis e atravesso sóis. Em êxtase e volúpia, passo pelos Arcos, passeio pelo seio da Cidade. Cinelândia, 40º, a vida explode. E, de repente, me vejo entre os Jardins do Flamengo. Ah, que lindo! A ansiada Enseada de Botafogo, com o Pão de Açúcar ao fundo — uma viagem dentro do cenário, numa tela de cinema, de um sonho vivo e real. Dá vontade de gritar tanta beleza. (Eu quase choro.)
Tudo brilha e pulsa e dança de felicidade. Copacabana surge soberana,
se exibe sensual, abre as ondas e me envolve. (Avassaladoramente.)
Me entrego à excitação das águas, me jogo… e, possuído por Iemanjá, enfeitiçado, eu gozo.

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