1 de novembro de 2018
O Concílio Vaticano Segundo nos deixou não só 16 preciosos documentos. Mas também um bonito exemplo de diálogo, que permitia ir clareando os assuntos abordados. Pois nem tudo estava claro. Porque o Concílio não era um “jogo de cartas marcadas”. Por isto, ia dando os passos, de acordo com as decisões que iam amadurecendo.
Ainda em 1962, os bispos tiveram que tomar uma decisão difícil. Depois de analisado o assunto da liturgia, onde a grande maioria percebeu que o assunto estava se encaminhando bem, começaram a abordar outro assunto, que tinha sido causa de desentendimento com os protestantes durante muito tempo.
Acontece que o texto preparado para aquele assunto, ainda se ressentia muito das discussões existentes entre católicos e protestantes. E a maior parte dos bispos não estava de acordo em alimentar de novo discussões com os protestantes.
Se tratava no momento de decidir se aceitavam aquele texto, ou se deviam rejeitá-lo, para que se reformulasse por inteiro o assunto. Mesmo que a maior dos bispos estivesse de acordo em retirar o texto, na votação realizada não conseguiram os votos suficientes para rejeitar o esquema.
Quando parecia que se tinha criado um impasse, foi então que o Papa João 23 tomou a iniciativa de, por autoridade própria, retirar o texto, mandando elaborar outro, para que o assunto não provocasse polêmica entre os cristãos.
A decisão do Papa João 23 foi acolhida com muita alegria por todos os bispos. E ficou de uma vez claro que o concílio não queria provocar discussões com os outros cristãos separados da Igreja Católica.
Assim, ficou fortalecida a dimensão ecumênica do Concílio, e todos os seus documentos mantém uma postura de respeito e de diálogo com os “irmãos separados”.
Obs: O autor é Bispo Emérito de Jales.