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“Tudo para mim, nada para você”
Eis a fala mais terrível de se ouvir
No jogo de burquinha.
Com a cara na terra
E morrendo de medo de perder
A sua preciosa leiterinha
Aí a gente cresce pensando igual
Abandona a burquinha,
Mas não o hábito de brincar
De tudo para mim, nada para você
É eu sei, parece coisa de maníaco
Da mania de querer ser o centro do mundo
Do desejo de tudo
Depois não basta desejar o tudo do outro
Tem que ter mais que o outro em tudo
Tem que ter tudo o que o outro tem e mais um pouco
Sem a mínima possibilidade
De perder algo do seu todo
Ai eu passo por cima de tudo e todos
Para ter o meu tudo e o tudo do outro
Para viver o tudo para mim, nada para você
Aí eu quero o mundo todo só para mim
Até o ponto
Que nem sei mais o que quero
Só quero querer
Não importando
O que tenho que fazer
Para me satisfazer
Mas não me satisfaço nunca
Desfaço do outro
Se preciso for
Desato laços
Não conheço o não
Apenas o eu quero
Acho que um dia
A gente consegue explodir tudo
Inclusive essa burquinha
Chamada Terra
Vivendo nessa compulsão
De querer
Tudo para mim, nada para você
Aos que chegaram agora
recém-saídos
Do aconchegante útero materno
Sejam bem-vindos
Este é o Mundo Pós Moderno.
Obs: O autor é Psicólogo, palestrante, terapeuta de família casal.
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