1. FESTA DA ASSUNÇÃO DA MÃE DO SENHOR
Lc 1,39-55
Desde o início da Idade Média, a liturgia celebrava a fé da Igreja na Assunção de Maria. Mas foi no século passado, em 1950, que o papa Pio XII proclamou solenemente que “Maria, a Imaculada Mãe de Deus, havendo terminado o curso de sua vida terrestre, foi elevada, em corpo e alma, à glória celeste”.
E Maria é ícone e modelo da Igreja. Com Maria, começa a Igreja. Em Maria, a Igreja já entrou na glória do céu!
Esta festa nos convida a trabalhar pela harmonia entre o corpo e a alma, entre as realidades materiais, temporais, e os valores espirituais, eternos, para que aconteça o que, cada dia, pedimos ao Pai, assim como o Filho de Deus e de Maria nos ensinou: “Venha a nós o vosso Reino, seja feita a vossa vontade, assim na terra, como no céu!”. Pois, na perspectiva de uma vida sem fim, à luz da Assunção de Maria, o que está em questão é um Ser Humano Novo, Homens e Mulheres, unidos na construção de um Mundo Novo, de dignidade, liberdade, justiça e Paz!
A conjuntura destes dias nos coloca co-mo “sinal dos tempos” mais uma ELEI-ÇÃO! O desafio é nada menos que re-construir um país destroçado. E, espe-cialmente para a Classe Trabalhadora, reconquistar Empregos, Direitos e Digni-dade. A Marcha dos Sem Terra, as Caravanas dos Movimentos Populares e Sindicais à Brasília, são mais que um simples apoio ao inarredável registro da candidatura de LULA: além de repetirem o BASTA da passada sexta-feira 10/08, confirmam um compromisso de levar adiante uma luta que só cessará quando virmos realizado o sonho de MARIA: ver os opressores derrubados dos seus tronos e os humilhados, de pé… ver os ricos de mãos vazias e os famintos saciados… a TERRA PROMETIDA, aconte-cendo! Tem tudo a ver com a ASSUNÇÃO!
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Nossa devoção à Mãe do Senhor precisaria, talvez, evoluir da simples busca de proteção para uma busca sempre mais exigente de inspiração: MARIA, ícone da Igreja, “Espelho de Justiça”, como canta a ladainha, quer ser, antes de tudo, olhada e assumida como referência primeira de uma gente que escuta a Palavra de Deus e a põe em prática. Precisamos aprender com ela a ser discípulas e discípulos de JESUS, missionários e missionárias a serviço do Evangelho do Reino, para que todos, todas, especialmente os mais precisados e precisadas, tenham Vida em plenitude.
2. DOMINGO DA DECISÃO
João 6,60-69
Correr os riscos do amor, junto com Jesus, eis a questão!
É disso que se trata, quando a gente faz a comunhão, celebrando a semana que passou (cume) e se comprometendo para a semana que se inicia (fonte).
Mas comer do Pão e beber do Vinho, sacramento da sua Carne e do seu Sangue, da sua vida entregue por nós, de nada valerá:
– se não nos temos deixado tocar e impulsionar pelo Espírito da Páscoa…
– se não estivermos envolvidos, cotidia-namente, nesta mesma dinâmica da morte-e-ressurreição, do dar a vida pela causa da Vida, para poder viver em plenitude.
Frente às sérias exigências que o Mestre nos propõe, há os que ficam marcando passo e se enganando com uma prática religiosa do “faz de conta”…
Há os que correm da parada…
E há quem se inquiete e busque um caminho de verdade e de vida, no seguimento cotidiano de Jesus, pois “a quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna! (…) tu és o Santo de Deus!”.
E assim vamos adiante, “caminhando e cantando e seguindo a canção”.
Quando é que toda a gente que se diz “cristã” vai entender que seguir a JESUS tem implicações políticas?…
Quando é que que a gente vai entender que, para se fazer honestamente a “Comunhão” na Missa, precisa estar em comunhão com Jesus no dia a dia da vida, dos sofrimentos e das lutas do povo?…
Quando é que a gente vai entender que quem faz a Comunhão na Missa está se comprometendo com Jesus a dar a vida pelo bem do Povo como Ele fez?…
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Recado das pessoas que estão em GREVE DE FOME:
Os sete manifestantes em greve de fome há 21 dias em Brasília realizaram hoje (20) um ato inter-religioso em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF). Com o estado de saúde delicado por conta da desnutrição, os ativistas acompanharam sentados, segurando velas, os dizeres de alguns representantes de diferentes religiões.
“Nossa tarefa é morrer feliz porque lutamos até os últimos dias”, disse Rafaela Alves. Ela lembrou a solidariedade que o grupo vem recebendo. “Não é solidariedade sem sentido, é o Evangelho vivo, um povo vivo que se dispõe a lutar no nível que for necessário. Que possamos seguir firmes cumprindo com nossa tarefa que é lutar e ensinar a lutar”, completou.
Rafaela mandou uma mensagem para aqueles que, na concepção dos grevistas, mantêm julgamentos injustos e ignoram a vontade do povo. “Na minha cabeça, Jesus diz ‘Ai daqueles que promovem a fome, que tiram direitos dos trabalhadores, que se atrevem a tirar a vida de seus irmãos, que não se comprometem com o sonho das gerações, que simplesmente vivem em torno de seus interesses e passam por cima de tudo e todos. Ai desses que não pertencem ao Reino do Deus em quem acreditamos e para quem os trabalhadores tanto rezam’”.
O recado também foi para os que se calam diante das injustiças. “Ai também de nós, povo que não se levanta, não grita, não assume as rédeas da história, não dispõe da sua vida pela transformação, que não marcha com seu irmão. Estamos construindo, nesse momento difícil da história, o Reino de Deus (…). Não é algo que vamos alcançar quando morrer, é uma construção cotidiana e esforço cotidiano de todos que se colocam como cristãos, cidadãos, pessoas que precisam assinar seus nomes na história.”
3. Domingo das mãos sujas e do coração limpo
Marcos 7,1-23
Neste ano, em que o Evangelista Marcos nos vem ajudando a caminhar no seguimento de Jesus, o Messias, o Filho de Deus, passamos algumas semanas às voltas com João, desafiados pelo “sinal do Pão” e, sobretudo, pelo discurso de Jesus sobre o Pão da vida eterna.
De volta à companhia de Marcos, somos convidados a comprar a briga de Jesus com os praticantes e profissionais da religião, que gostam de tudo certinho, mas descuidam do essencial: o coração.
Em nome de suas manias e caprichos religiosos, acham-se até no direito de jogar na lata do lixo quem não cumpre, como eles, todas as “obrigações”. Censuram publicamente quem come sem lavar as mãos, mas são incapazes de revisar suas vidas e perceber a imundície de seus corações cheios de más intenções, egoísmo, orgulho, malvadeza, cupidez e corrupção.
Felizes os que, de um coração simples e bom, podem fazer brotar o canto novo do Reino da Verdade e da Vida, e participar com sincera alegria da Ceia do Amor!
O cenário político se desenha complexo, confuso, incerto e preocupante. A depender dos poderes constituídos, do Legislativo, do Executivo e do Judiciário, para onde estamos indo?… Em quem confiar?… De quem desconfiar?… Não será a hora de acordarmos para o exercício efetivo e criativo da nossa CIDADANIA?… Assim nasceram as CEBs e as Pastorais Sociais… Estamos precisando de renascer?… Mas a pergunta que JESUS hoje nos leva a fazer é: o que se passa no íntimo de nossos corações?… Não adianta sonhar com um novo tempo, se não se renovam os corações, começando pelo nosso.
*Teu caminho, ó Senhor,
Teu caminho me alumia,
E por uma estrada reta
Me conduz, Senhor, e guia!
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Setembro vem aí! E com ele, o Mês da Bíblia e a primavera! É tempo de renovar a esperança, os sonhos daqueles e daquelas que, acordados, com os pés no chão, de olho nos “sinais dos tempos”, enxergam no horizonte o advento do Reino, a Terra Prometida. E é para isso que a gente aprende a ler a Bíblia, para que, à luz de suas páginas, possamos discernir, nos sinais dos tempos, os apelos e as promessas do Deus-Amor. Este ano, vamos reler a conjuntura, à luz do Evangelho de João. Vamos lá!
Obs: Reginaldo Veloso de Araújo é Presbítero das Comunidades Eclesiais de Base – CEBs, no Morro da Conceição e Adjacências, Recife-PE.
Compositor litúrgico, com diversos CDs gravados pela COMEP/Paulinas e pela PAULUS
Assistente adjunto do Movimento de Trabalhadores Cristãos – MTC-NE2
Assessor pedagógico do Movimento de Adolescente e crianças – MAC e do PROAC
Membro da Equipe de Reflexão sobre Música Litúrgica do Setor de Liturgia da CNBB
Mestrado em Teologia pela Pontifícia Universidade Gregoriana – PUG (Roma, 1962)
Mestrado em História da Igreja, pela PUG (Roma, 1965)