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No dia 16 de julho veneramos Maria sob título de Nossa Senhora do Carmo. E’ uma devoção que se reporta ao Monte Carmelo, difundida entre nós sobretudo pelos religiosos carmelitas, muito presentes em Recife, mas também na capital paulista.

O Monte Carmelo se situava ao norte da antiga Galiléia. Atualizando hoje suas coordenadas geográficas, o situamos nas proximidades da cidade de Haifa, o porto marítimo de Israel, no norte do país, em direção ao Líbano.

Pois bem, o monte Carmelo foi palco no Antigo Testamento do célebre confronto entre o profeta Elias e os profetas de Baal. Trata-se da cena fantástica do fogo que desceu do céu, para queimar o sacrifício oferecido a Javé, depois que os profetas de Baal tinham clamado em vão para que o seu deus fizesse descer fogo do céu para queimar o sacrifício preparado para ele.

Neste Monte Carmelo se situa a origem da devoção que o relaciona com a figura de Maria, invocada sob o título de Nossa Senhora do Carmo, Nossa Senhora do Monte Carmelo.

O episódio nos oferece a oportunidade para uma observação muito importante, que torna bem compreensível a ligação do monte Carmelo com a figura de Maria.

A Igreja Primitiva soube muito bem estabelecer as mais variadas ligações do Antigo Testamento com a nova realidade suscitada a partir de Jesus Cristo.

De fato, ela não fez, de modo algum, uma ruptura entre o Primeiro e o Segundo Testamento. Ao contrário. Soube muito bem canalizar o Primeiro Testamento, harmonizando seus textos, suas narrativas e suas mensagens com os episódios do Segundo Testamento.

Por isto, a fé cristã não é uma “seita” nascida do judaísmo. Ela acolhe, abraça e integra todo o Antigo Testamento, percebendo sua sintonia com a verdade revelada em plenitude por Jesus Cristo, e conferindo sentido pleno às Escrituras antigas, colocadas assim na perspectiva verdadeira que de fato elas possuíam, pois estavam todas voltadas para a grande expectativa que devia se realizar.

Perceber a harmonia, e a validade permanente, de todas as Escrituras Sagradas, é uma tarefa que convida para o respeito e a admiração pela grande arquitetura de revelação contida em toda a Bíblia, que se bem compreendida nos levaria a um diálogo construtivo entre cristãos e judeus.

Obs: O autor é Bispo Emérito de Jales.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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