Ao dobrar a esquina, deparei-me com ela. Ombros caídos pelo tempo, cabelos desalinhados e um corpo com dificuldade de se deslocar. De longe, eu observava aquela senhora que, castigada pela vida, era forçada a, na rua, buscar o leite das cinco crianças que deixara em casa. Aguardavam ansiosas a chegada daquela criatura…
No sol, na chuva, disposta ou não, diariamente, ali ela estava a se debruçar sobre os carros suplicando uma esmola. Alguns negavam com um sorriso. Outros xingavam e nem mesmo lançavam uma olhar para ela. Humilhações muitas, mas ela sempre ali estava, disposta a tudo viver por amor aos cinco…
Merecia uma vida mais digna… Mais humana… Mas, sem protestar, com um sorriso nos lábios, agradecendo até mesmo as xingações, ela persistia e incansavelmente debruçada sobre os motoristas, suplicava:
– Uma esmola pelo amor de Deus.
De longe, eu aplaudia e rezava para que dias melhores surgissem na vida daquela figura adorável.