![](https://entrelacosdocoracao.com.br/wp-content/themes/entrelacos/img/point.png)
1. DO MANDAMENTO DE JESUS
João 15,9-17
Por sinal, na madrugada deste 1º. de Maio de 2018, o Dia do Trabalhador e da Trabalhadora amanheceu com esta triste notícia: antigo edifício da Polícia Federal no centro de São Paulo, abandonado pelo poder público eocupado por 146 famílias de Sem Teto, pegou fogo e desabou. A maioria das pessoas escapou da morte, masperdeu tudo. Mais de 40 estão desaparecidas ou perderam a vida. O poder público, a quem cabe a responsabili-dade primeira por tudo o que aconteceu, através de seus “legítimos” representan-tes de plantão, sai de fininho, inclusive, para cúmulo de insensatez e cinismo, culpabilizando as vítimas.
Esse, com certeza, é o mundo que desconhece a Deus, que não conhece a intimidade da Trindade, que nunca ouviu ou faz questão de não ouvir o único Mandamento de Jesus… A este mundo não chegou pelos correios, nem lhe foi entregue em mãos, a 1º Carta de João, especialmente, quanto está escrito nos capítulos 3 e 4…
E a gente se poderia perguntar: o que estão fazendo as Igrejas, as grandes Religiões?… Papa Francisco tem procurado fazer sua parte… E nós outros e outras?… Até quando ficaremos brincando de rezar ou de orar, de bendizer e louvar, enquanto as desigualdades e injustiças, fonte de todas as violências, continuam e se agravam, empurrando a humanidade para o abismo, que a gente insiste em não querer encarar?…Pelo menos o Juízo Final, da História e de Deus, que nos aguarda pessoal e coletivamente (ver Mt 25,31-46) nos servirá de alerta?…
Enquanto isso, dezenas de milhares de pessoas se deslocaram de todo o país até Curitiba para se solidarizar com LUÍS INÁCIO LULA DA SILVA, preso político, porque sonhou com um mundo onde os Sem Terra, Sem Teto, Sem Trabalho. Sem Escola, Sem Saúde, pudessem viver com dignidade. Onde encontraremos, hoje, os sinais do Reino anunciado por Jesus, e razões para cantar a vitória do AMOR?…
2. A MENSAGEM LIBERTADORA DE
DOM OSCAR ROMERO
SANTO DAS AMÉRICAS
* “Irmãos, eu gostaria de gravar no coração de cada um esta ideia: o cristianismo não é um conjunto de verdades nas quais devemos acreditar, de leis que devem ser cumpridas, de proibições! Assim se torna muito repugnante. O cristianismo é uma pessoa, que nos amou tanto, que pede nosso amor. O cristianismo é Jesus Cristo e o evangelho.” (06/11/ 1977)
* “Uma religião de missa dominical, mas de semanas injustas não agrada ao Deus da Vida. Uma religião de muita reza, mas de hipocrisias no coração não é cristã. Uma Igreja que se instala só para estar bem, para ter muito dinheiro, muita comodidade, porém que não ouve os clamores das injustiças não é a verdadeira igreja de nosso Divino Redentor.” (04/12/1977)
* “Ainda quando nos chamem de loucos, ainda quando nos chamem de subversivos, comunistas e todos os adjetivos que se dirigem a nós, sabemos que não fazemos nada mais do que anunciar o testemunho subversivo das bem-aventuranças, que proclamam bem-aventurados os pobres, os sedentos de justiça, os que sofrem.” (11/05/1978)
* “Muitos querem que o pobre sempre diga que é “vontade de Deus” que assim sobreviva. Não é vontade de Deus que uns tenham tudo e outros não tenham nada. Não pode ser de Deus. A vontade de Deus é que todos os seus filhos e filhas sejam felizes.” (10/09/1978)
* “É ridículo dizer que a Igreja se tornou marxista. Porém há um “ateísmo” mais próximo e mais perigoso para nossa igreja: o ateísmo do capitalismo, quando os bens materiais se tornam ídolos e substituem Deus.” (15/09/1978)
* “Se me matarem ressuscitarei nas lutas de meu povo
3. ASCENCÃO DO SENHOR
<<Hoje, nosso Senhor Jesus Cristo subiu ao céu: suba também com ele o nosso coração.Ouçamos as palavras do Apóstolo: “Se ressuscitastes com Cristo, esforçai-vos por alcançar as coisas do alto, onde está Cristo, sentado à direita de Deus; aspirai às coisas celestes e não às terrestres.”(Cl 3,1-2). E assim como ele subiu sem se afastar de nós, também nós subimos com ele, embora não se tenha ainda realizado em nosso corpo o que nos está prometido.
Cristo já foi elevado ao mais alto dos céus; contudo, continua sofrendo na terra atra-vés das tribulações que nós experimenta-mos como seus membros. Deu testemunho desta verdade quando se fez ouvir lá do céu: “Saulo, Saulo, por que me persegues?” (At 9,4). E ainda: “Eu estava com fome e me destes de comer” (Mt 25,35).
Por que razão nós também não trabalhamos aqui na terra de tal modo que, pela fé, esperança e caridade que nos unem a nosso Salvador, já descansemos com ele no céu? Cristo está no céu, mas também está conosco; nós, embora não possamos reali-zar isso pela divindade, como ele, ao menos podemos realizar pelo amor que temos para com ele.>>Santo Agostinho (LH II, p.828-829)
Sábias palavras de Santo Agostinho, que nos inspiram uma vida cristã com a cabeça no céu, mas, os pés na terra.
Na verdade, essas palavras de um santo bispo de 16 séculos atrás, nos instigam a vivermos, hoje, plenamente a nossa “cidadania” celeste, já aqui, nesta terra de tristezas e tribulações.
Precisamos dar conta do que pedimos todo dia a Papai do Céu: “Venha a nós o vosso Reino. Seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu”!
Importante e urgente é fazer a nossa parte e demonstrar por nossas atitudes e ações que o “céu” pode começar aqui e agora.
Com os corações ligados no Cristo Jesus, que está sentado à direita do Pai, mas está sempre conosco, até o fim dos tempos, por respeito à nossa dignidade e por solidarieda-de para com todos os nossos irmãos e irmãs, sobretudo, os oprimidos e excluídos,
******
A trombeta marcial anunciando! Façamos tudo quanto estiver a nosso alcance para que a dignidade e os direitos de todos e todas sejam respeitados, haja justiça, paz e felicidade para todos e todas.
E o céu já começará nesta terra, pois o Reino de Deus já estará “vindo” e a sua “vontade” se realizando entre nós.
4 – FESTA DA SANTÍSSIMA TRINDADE
Mateus 28,16-20
As Comunidades Eclesiais de Base, desde o Intereclesial de Trindade – GO (1986), nos têm ajudado a encarar a Santíssima Trinda-de com um novo olhar: mais que um “misté-rio” incompreensível, uma revelação sensa-cional “A Santíssima Trindade é a melhor Comunidade”, a mais perfeita, a Comunida-de referencial!
Ser cristão, ser cristã é, essencialmente, em sintonia com Cristo, encarar a Deus, não tanto como o Infinito, o Absoluto, o Eterno, mas como o Encontro mais perfeito de Pessoas, autônomas e livres, que se enten-dem, se amam e se querem a ponto de compartilharem o mesmo ser, a mesma vida sem fim: o Pai e o Filho, na amorosidade do Espírito Santo, um só Ser Divino, um só Deus!
E o melhor é saber que estas Três Pessoas se chegam para junto de nós e nos convidam a participar da sua intimidade, da sua amorosa convivência: Batizar-se em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo é afundar-se nessa experiência de amor e comunhão. E isso é maravilhoso!
Em seguida, a partir dessa experiência, sentirmo-nos pessoas enviadas por Jesus para juntar a humanidade dispersa ou esfacelada, em todos os ambientes onde convivemos com outras pessoas. Buscarmos permanentemente o diálogo, a comunhão, na construção do Bem Comum. Cultivarmos o prazer do encontro, o gosto da participação. Assumirmos o compromisso solidário com os segmentos mais precisados, oprimidos, excluídos, bebendo na fonte mais profunda: a comunhão das Três Pessoas Divinas, sonhando com um mundo de paz.
Eis aí a essência da nossa experiência litúrgica, existencial e celebrativa. Eis o que precisa ser nossa vida, todo dia, e nosso canto expressar, na celebração de todo domingo.
E como essa experiência é atual, num tempo de tanto preconceito, de tanta exclusão, de tanto ódio e violência!
Obs: Reginaldo Veloso de Araújo é Presbítero das Comunidades Eclesiais de Base – CEBs, no Morro da Conceição e Adjacências, Recife-PE.
Compositor litúrgico, com diversos CDs gravados pela COMEP/Paulinas e pela PAULUS
Assistente adjunto do Movimento de Trabalhadores Cristãos – MTC-NE2
Assessor pedagógico do Movimento de Adolescente e crianças – MAC e do PROAC
Membro da Equipe de Reflexão sobre Música Litúrgica do Setor de Liturgia da CNBB
Mestrado em Teologia pela Pontifícia Universidade Gregoriana – PUG (Roma, 1962)
Mestrado em História da Igreja, pela PUG (Roma, 1965).