Ana Eliza Machado 15 de maio de 2018

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Eu deixo a luz da garagem acesa e você acha ruim.
Não recolho a roupa do varal e escuto uma noite inteira.
Se ando descalça então, pira.
Mas eu sei que não é pura implicância.
Se tenho um pesadelo, posso dormir na sua cama.
Se acordo com dor de cabeça, posso faltar ao colégio.
E se acordo com cólica?! Bem feito, quem mandou pegar friagem?
Compartilhamos algumas paixões, e também algumas manias.
Por que que a gente tem tanto cachorro?!
Assistir jogo de futebol, programa de culinária. Filme no cinema não, né? Porque você insiste em dormir.
As pessoas me elogiam por ser inteligente, dedicada, caprichosa.
Eu só respondo: “obrigada, mas você não conhece a minha mãe”.
As pessoas me perguntam se a gente conversa.
Claro que conversa, dos mais variados assuntos. E damos risada de todos eles.
Você elogia minha cuca de maçã, mas seu pão de alho é divino.
Seu arroz com feijão, então… Não tem igual.
Você me chama de palhaça, mas de quem são os genes?
Você me chama de teimosa. Sei, mas sou filha de quem mesmo?
Você me chama de linda, mas dizem que eu tenho os seus olhos…
Você costuma gostar de tudo aquilo que eu escrevo, fico pensando se vai gostar desse.
Sou sortuda de poder dizer que não brigamos, não discutimos. Bom, não mais.
E se vocês querem saber, sou sortuda mesmo. Porque já fiz pique-nique com comida chinesa em cima da cama. Já participei de show de calouros no meio da cozinha. Já apostei corrida de cachorro no corredor. Já tripulei uma espaçonave de dentro do meu carro. Eu tenho uma mãe que é o máximo. Supera qualquer Brastemp e Coca-Cola. Minha mãe é uma figura. Minha mãe já foi super-heroína, cantora, dançarina, taxista, tudo usando nada mais que a nossa imaginação. E vai ser pra sempre a minha palhaça.
Palhaça que eu amo, viu mãe? Amo mesmo. E liga não, as lágrimas no teclado secam depois. As suas e as minhas…

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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