Com o tempo fui percebendo que seu caminho ia mudando de rumo. Então inverti a estrada. Tive medo de embaralhar a bússola. Na labirintite do meu ser percebi que seu caminho agora é diferente. Fiquei engasgada com a poeira da estrada. Me apoderei de mim, cavalguei as palavras com as rédeas em punho. Risquei a estrada. Esperei baixar a densa nuvem. Observei. Espantada, emocionada e cheia de dúvidas.
Passeando por entre pensamentos e pés de palavras passei na porta da Igreja. Estavas lá. Observei minuciosamente cada músculo de vírgulas e pontos, tentava cheirar o sentimento. Receosa das minhas mal traçadas linhas e dos meus pés andarilhos, cortei caminho. Subi ao monte, não era dos ventos uivantes, nem das oliveiras, era o seu monte de palavras juntas. Por vezes sem sentido para mim, com muito sentido para você, imagino. As vezes penso que também estás sem ver sentido. Sem ver o horizonte que imaginavas alcançar. Vivo entre a fantasia e a realidade. Entre o prazer e culpa. Então comecei a distanciar, a escrever por caminhos desviantes, fazendo percursos intrigantes.
Obs: Foto da autora.