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Esse “shi” que está aí no título equivale ao “City” dos americanos. Como se diz “New York City” assim, no Japão, se diz Yokohama Shi. É a cidade do nosso “penta” . Como todos sabem, aqui o Brasil venceu a Alemanha e sagrou-se campeão mundial de futebol pela 5a vez. Um dia desses, levando à estação ferroviária o Pe. Higa, salesiano, nissei, que trabalha aqui com os brasileiros, ele me mostrou o famoso – e belíssimo estádio – que ainda espero visitar. Nunca pensei de um dia passar perto desse estádio, que ficou tão famoso para nós, brasileiros.
Yokohama pertence à província de Kanagawa, chamada aqui “Prefecture”. Kanagawa é a mais avançada “prefeitura” em termos de indústria, clima e natureza. E, por isso mesmo, em atração turística. Yokohama, com seus 3 milhões e meio de habitantes, é sua principal cidade, aliás, a segunda do país, logo depois de Tóquio. “Dista da capital 30 quilômetros para o sul. Nela, diferentes culturas se encontram, desde que seu porto, em 1859, foi aberto ao comércio internacional. É famosa por suas indústrias avançadas e sua atmosfera internacional “- informa o guia turístico.
Estou aqui fazendo pequena experiência missionária e conhecendo um pouco esta realidade cultural, bem diversa de tudo que vi até agora pelo mundo afora. Os costumes são diferentes, a comida é diferente e a maneira de as pessoas se relacionarem é bem diversa do nosso mundo latino. A saudação é sempre uma reverência bastante profunda, dobrando a cintura, e não apenas o pescoço. O aperto de mão é raro e não é do gosto japonês. Usam-no mais com os estrangeiros, sobretudo autoridades. Assoar o nariz com lenço de pano é falta de educação, só com lenço de papel. Nunca entrar em casa de sapato, como já disse no artigo anterior, só com os “surippas” que se encontram à entrada da casa.
O problema pastoral de maior relevo aqui é a exclusiva preocupação dos “dekassekis” brasileiros de juntar dinheiro, para mandar para a família no Brasil (“Dekasseki” é todo aquele que imigra em busca de trabalho, seja japonês ou estrangeiro.) Ganham muito, trabalham demais. Normalmente – ao menos com as famílias brasileiras, com quem falei – trabalham 11 horas por dia, das 8 às 20, marido e mulher, com intervalo de uma hora para o almoço. Oito horas legais e 3 horas extras. Daí, vocês vêm a produção dessas grandes fábricas e os lucros obtidos por elas e os operários. Houve tempo, antes da 2a Guerra, que o trabalho era de 29-30 dias ao mês, com um único feriado mensal e 3 dias de férias no verão. O salário médio do trabalhador está em torno de 2,9 mil dólares. Só serve para mandar o dinheiro para o Brasil, porque aqui se gasta demais.A vida é caríssima. Tóquio é considerada a cidade de vida mais cara no mundo. A passagem no Shinkansen, o trem-bala, de 1 hora e 25 minutos, na 2a classe, custa 5.980 yenes, o que seria em torno de 178,50 reais.
Os dados oficiais informam assim a presença brasileira nas quatro principais “prefeituras”, nas quais os salesianos trabalham: Shizuoka: 39.409; Nagano: 17.830; Kanagawa (onde estou) 13.650 e Yamanashi: 5.046. Isso, sem considerar os clandestinos que vieram para cá com visto de turista para três meses e aqui ficaram.
Na festa de Pentecostes, procurei lembrar aos brasileiros a unidade da Igreja. Somos a Igreja de Jesus em S.Paulo, Curitiba e no Japão, dando em todo lugar e em toda circunstância testemunho vivo de nossa fé cristã.
Obs: O autor é arcebispo emérito de Maceió.