1. A mística é a energia que alimenta a militância na sua alegria de viver, suas atitudes, comportamento, disposição de luta, esperança, garra, festas e companheirismo. Mas, é igualmente o segredo contagiante que impulsiona essa militância, em seus momentos de dor, de dúvida e de derrotas. Diz com Coralina: “Desistir? Já pensei sério nisso, mas nunca me levei a sério; é que tem mais chão nos meus olhos que cansaço nas minhas pernas, mais esperança nos meus passos, que tristeza nos meus ombros, mais estrada no meu coração do que medo na minha cabeça”.

2. A militância vê queO mundo tem dois campos. O campo de quem ama a liberdade, mas a quer apenas para si…. E o campo de quem ama a liberdade e a quer para todos. ” (José Martí). Neste momento, no Brasil, vivemos a ofensiva de quem quer a liberdade para o capital e que, na ambição de realizar seus lucros, avança com violência (golpes, privatizações, negação de direitos, apropriação dos bens naturais, infiltração, cooptação, desmoralização, criminalização e eliminação) de quem busca a plena liberdade para os humanos e para toda a natureza.

3. A militância missionária da causa coletiva, longe de ter medo, se enche de indignação e revolta e reafirma a decisão de seguir como se visse o invisível.… Por isso, repete:Não tem preço, a liberdade não tem dono. Só quem é livre sente prazer em cantar. Se um passarinho canta mais quando está preso. É no desejo de um espaço para voar” (Antonio Gringo). Ao contrário, anima seus irmãos, como o poeta: “Não chores, meu filho, não chores, que a vida é luta renhida: Viver é lutar. A vida é combate que os fracos abate e que os fortes, os bravos, só pode exaltar” (G. Dias).

4. É verdade que, cada vez que a tribulação e o poder da dominação recaem sobre a nação, sempre podem gerar um sentimento de impotência, a vontade de atentar contra si e a tentação de descontar, na relação pessoal, a própria frustação. Em momentos de incerteza, se abate sobre as pessoas toda forma de desânimo, imobilismo, desespero, impaciência, apelo ao terror, refúgio no misticismo (como alheamento ou espera de saída milagrosa). É o paraíso do oportunismo, dos falsos profetas, da demagogia, dos “salvadores”, do fascismo… da barbárie.

5. Mas, de novo, aparecem os poetas do povo: “Ontem, um menino que brincava me falou que hoje é semente do amanhã. Para não ter medo que este tempo vai passar. Não se desespere não, nem pare de sonhar. Nunca se entregue, nasça sempre com as manhãs. Deixe a luz do sol brilhar no céu do seu olhar! Fé na vida, fé no povo, fé no que virá! Nós podemos tudo, nós podemos mais! Vamos lá fazer o que será”! (Gonzaguinha). Pois, “é claro que o sol vai voltar amanhã, mais uma vez, eu sei. Escuridão já vi pior, de endoidecer gente sã. Espera que o sol já vem” (R. Russo)

6. “É preciso ter esperança…, mas ter esperança do verbo esperançar; porque tem gente que tem esperança do verbo esperar. E esperança do verbo esperar não é esperança, é espera. Esperançar é se levantar, esperançar é ir atrás, esperançar é construir, esperançar é não desistir! Esperançar é levar adiante, esperançar é juntar-se com outros para fazer de outro modo” (P. Freire) “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer…” (G. Vandré). Por isso, “Levanta-te e anda”! (Evangelho), porque “Fazer é a única forma de mostrar que é possível mudar o mundo” (Ed. Galeano).

7. A saída da crise está no povo, só a massa faz revolução. A militância deve inserir-se na classe que trabalha (fábrica, campo, periferia), setores capazes de travar a ganância do capital…. Nesse tempo de subir a montanha, o convite é sair da sede, diminuir a militância virtual, despir-se de toda forma de superioridade, priorizar pequenas iniciativas que se multiplicam e evitar o eventismo, o campanhismo, a megalomania. É ir para o povo, mas ir como aprendiz e educador, como animador e organizador e, sobretudo, como missionário da sociedade solidária, livre e feliz.11 de abril de 2018

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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