Nas pedras descobertas no Sertão esquecido,
Sem vegetação que as cubram, vê-se a olho nu,
Sujas de barro cru, as locas onde se escondem preás, punares e outros bichos comuns, nos carrascais sertanejos,
Que se furtam do sol impiedoso que os queima.
Nesse mundo tão grande sobra espaço até para se tirar leite de pedra.
Ou é leite do aveloz?
O preá e algumas aves matam a fome de tantos homens,
Que se espremem para viver
E ainda, são considerados parias da sociedade.
Homens honestos, simples,
Que não roubam, nem envergonham,
Mas que são considerados, por alguns, imprestáveis e viciados em preguiça.
Esses homens não exigem nada, mas esperam mudanças verdadeiras
Nos espíritos empedernidos e arrogantes daqueles que podem ajuda-los
A sair dessa vida escondida, ornada de cactos e mulungus,
Eles também plantam na paisagem altiva que se agiganta a cada ano.
O descaso com o desnecessário incomoda a quem não está acostumado a viver com tão pouco.
O homem espreita o preá, que lhe escapa e sobrevive.
A rolinha voa e despista o alvo certeiro. Não é levada dentro de um bornal, morta. Restando a estes homens, muitas vezes, as vagens de mucunãns, para serem comidas de gente que aguarda com pratos limpos, por algo que lhe caia do céu.
Esse sim, é o povo bronze, pintado em cinzel, crente,
Que perambula nesse solo de pereiros, caatinga, aveloz e cactos,
Cocada de coco queimado, corajoso e astuto, consciente de suas limitações, gigante em suas emoções.