Dannie Oliveira 3 de agosto de 2009


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Eu tinha uns doze anos quando o vi pela primeira vez. Não devia ter pouco mais que um ano. Parecia um anjinho com aqueles cabelos loiros e a pele alva mau acomodado no braço da sua mãe em frente a minha casa.

– Vim trazer o menino para você. – disse a mulher a minha mãe.
Entramos para o interior da residência.
Enquanto as duas discutiam sobre a afirmação da senhora feita pouco tempo antes eu tentava entreter o menino dos enormes olhos castanhos.
E a desconhecida foi embora. Deixou o menino nos braços de minha mãe que o abraçava de maneira carinhosa.
Mesmo tão pequeno acho que ele entendeu que aquilo era uma despedida e chorou, chorou, chorou compulsivamente por horas a fio. Um tanto desajeitada ajudei a dar um banho nele, e ele continuava a chorar. Dei bombons, suco, salgadinhos e nada ele só chorava mais e mais. Recolhi tudo o que foi brinquedo que havia pela casa e coloquei na frente dele, mas o pequeno ignorou minhas tentativas de fazê-lo cessar o berreiro.
E numa hora ele parou. Parou não por causa dos brinquedos, mas por ter visto a mulher parada em frente ao portão.
Ela entrou. Trouxe algumas poucas roupas, alguns brinquedos, tudo o que o menino tinha e que era seu.
Mamãe fez uma mamadeira e ele tomou numa voracidade de quem a muito estava com fome, fez uma segunda e ele tomou novamente com o mesmo apetite, a desconhecida disse que não desse tanta comida ao menino que ele não estava acostumado, minha mãe disse que dali pra frente seria assim, que ele não iria mais passar fome.
A mulher colocou o bebê para dormir, e apesar de embalá-lo, embalá-lo ele não fechava os olhos, queria se certificar de que ela não sairia de perto.
Uma hora cansou e dormiu.
Acordou no dia seguinte em uma casa desconhecida, com uma mulher que não era a sua mãe do lado. Não chorou.
Algumas horas mais tarde minha mãe e a mulher entravam em um ônibus e levavam o menino para longe da cidade, para uma comunidade do interior. A mulher não quis, mas tocar na criança, a mesma que ela tinha carregado nove meses em seu ventre.
Depois de algumas horas de viagem e de passar por um portão uma senhora veio receber as duas mulheres.
– Quem é esse menino minha filha?
– É seu filho mãe !!!
Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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