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“O mundo inteiro é um palco,
e todos os homens e mulheres
são apenas atores”
William Shakespeare, 1564-1616

A vida em sociedade é o nosso grande palco. Neste palco, somos permanentemente observados por aquilo que somos, aquilo que fazemos e aquilo que representamos diante dos demais.

O conjunto destas observações nos é apresentado cotidianamente pelos outros e, assim, vamos internalizando, assimilando e construindo o nosso modo de ser, pensar e agir. Há que se observar, de nossa parte, que devemos guardar certo grau de coerência para que possamos inspirar confiança e constância nas relações que estabelecemos com os demais.

Nem sempre sabemos precisar o quanto o olhar e a observação dos outros pesa sobre a vida da gente. É fato, no entanto, que maior parte de nossas condutas e reações regem-se a partir destes, em nome do reconhecimento social.

A qualidade de nossa vida social está intrinsecamente ligada com a nossa capacidade de conviver, de associar-se, de mover-se, de construir acordos e projetos coletivos, de agregar.

A nossa construção de seres sociais é feita a partir de nossas experiências individuais e coletivas. Os aprendizados são sempre pessoais, mas a tendência é a sociedade padronizar nossos modos de ser, de pensar e de agir.

Marta Medeiros, em uma das suas muitas crônicas publicadas, traz presente a preocupação de como resolver o conjunto de dualidades que reside em cada um de nós, uma vez que a sociedade tende a nos “encaixotar” e “selar uma etiqueta” para nos definir.

Assim escreve: “É obrigatório confirmar o que o seu rótulo induz a pensarem sobre você”. Como podemos observar, nem sempre temos as melhores oportunidades para nos alçarmos à condição de sujeitos: livres, autônomos, autênticos.

Outro fator determinante da qualidade de nossa vida social é procurar sempre agir sob “justa medida”. A “justa medida” estabelece-se a partir dos nossos méritos e métodos.

Nem sempre basta ter bons méritos para agir, se não tivermos um método adequado para nos fazer compreender. Da mesma forma, pouco vale um método se não temos boas razões para nos comunicar/expressar. Sempre há que se equacionar os métodos com os nossos méritos (e vice-versa).

Somos permanentemente tentados a enquadrar e rotular as ações e posturas dos outros sem antes pensarmos na complexidade da vida humana, seja a nossa e seja a vida dos outros.

A experiência de vida pessoal de cada um, embora fundante, é insuficiente para explicar o conjunto de ações, reações e comportamento dos outros.

A vida de cada ser humana carrega nuances próprias, únicas e insubstituíveis. Daí reside nossa dificuldade de educar os outros, de opinar sobre suas atitudes, de construir consciência, de dar conselhos.

O fato de sermos únicos e genuínos é maravilhoso, mas também assustador. Por isso, nada melhor do que investir nas inúmeras oportunidades para conhecer os outros, relacionando-se com eles.

O nosso palco é o mesmo, mas jamais serão iguais as nossas buscas para nos fazermos gente. Todos, felizmente, temos o desafio de nos tornarmos seres sociais, mas não podemos abdicar de nossas peculiaridades e experiências únicas, interiores e pessoais.

Às vezes temos a impressão que transmitimos para as pessoas exatamente o que estamos sentindo, mas isso nem sempre é verdade. A comunicação é muito mais precária do que imaginamos. As pessoas não nos veem como a gente se vê – Flávio Gikovate

Obs: O  autor é professor, escritor e ativista em direitos humanos, desde Passo Fundo, RS

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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