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“Com suas obras teológicas, Bento 16 doou à Igreja e a todos os homens o que tinha de mais precioso: o seu conhecimento de Jesus, fruto de anos e anos de estudo, diálogo teológico e oração. Porque Bento 16 fazia teologia de joelhos” – declarava o Papa Francisco, numa justa homenagem e sentido reconhecimento ao seu douto e santo antecessor, na entrega do 3o. Prêmio Ratzinger em 2013.
Aconteceu de notável na quarta edição da entrega desse Prêmio, é que ele foi atribuído, além de ao Monsenhor polonês Waldemar Chrostowski, também pela primeira vez a uma mulher, a professora francesa, Anne-Marie Pelletier, especialista em hermenêutica e exegese bíblica. Ela vem dedicando-se ao estudo sobre a presença e a ação da mulher na Igreja, à luz da Bíblia. Com grande êxito editorial, ela lançara em 2001 o livro “Le christianisme et les femmes” – vingt siècles d’histoire” – “O cristianismo e as mulheres – vinte séculos de história”. Em 2007, ela publicou com igual éxito, “Le signe de la femme” – “O signo da mulher”. São visões feministas – no bom sentido da palavra – do papel da mulher na doutrina e na vida da Igreja, à luz da Bíblia.
No número de novembro do ano passado da revista italiana “Mulher – Igreja – Mundo”, com grande repercussão nos meios da cultura internacional, foi publicado um estudo da professora Pelletier sobre o tema: ” Palavras que lêem dentro: Masculino e Feminino desde o Gênesis até o Novo Testamento.”
Informa L’Osservatore Romano: Na audiência à Comissão Teológica Internacional, em dezembro do ano passado, o Papa Francisco, notando uma maior presença feminina na comissão, observou: ” Devido ao seu gênio feminino, as teólogas podem fazer sobressair, em benefício de todos, certos aspectos inexplorados do insondável mistério de Cristo.”
E, mais adiante, o Bispo de Roma comentou: “Nesta luz, no âmbito da composição cada vez mais diversificada de vossa Comissão, gostaria de fazer notar a presença da mulher – presença que se torna convite – a refletir sobre o papel que as mulheres podem e devem desempenhar no campo da teologia.” E continuou: “Com efeito, a Igreja reconhece a contribuição indispensável da mulher na sociedade, com uma sensibilidade, uma intuição e certas capacidades peculiares que normalmente são mais características nas mulheres do que nos homens…”citando sua Exortação Apostólica Evangelii Gaudium.
E concluiu: “Em virtude de seu gênio feminino, as teólogas podem relevar, em benefício de todos, certos aspectos inexplorados do mistério insondável de Cristo, no qual como diz o Apóstolo Paulo, estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento ( Col 2,3). Por conseguinte, convido a todos vós a tirar o melhor proveito, desta contribuição específica da mulher para interpretação da fé.”
O que se está vendo, graças a Deus, é uma presença sempre mais expressiva da mulher na vida e na doutrina da Igreja.
Obs: O autor é arcebispo emérito de Maceió.