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A turma de médicos de 1969 da Faculdade de Medicina da Bahia, está comemorando seus 40 anos de formatura. Foram 127 os integrantes formados no dia 21 de dezembro daquele ano.Eles eram oriundos das mais variadas procedências : havia estudantes até da Nicarágua, Bolívia e Cabo Verde. Foi assim que, juntos, após seis anos de exaustivos estudos, plantões diurnos e noturnos, alcançaram a realização do grande sonho de tornarem-se médicos.

Há uma equipe central que organiza os festejos, coordenada pelos médicos Dr.Carlos Bernardo da Cunha, com a participação efetiva de Dr. Alexandre Dumas,Drª Ana Maria Costa ,Dr. Manoel Tomáz, Dr.Cézar Calazans,Drª Yeda Bastos,Dr. José Nei e Drª Maria José Barreiro. Essa equipe trabalha desde a última comemoração, realizada em 2008, quando foram abertos os festejos dos 40 anos. São horas de trabalho, doação, tudo com o objetivo de reunir aqueles jovens de 1969, hoje na grande maioria já avós, outros aposentados, mas alguns em plena atividade profissional. É uma ocasião da turma ser reunida , sobretudo para um louvor, uma ação de graças ao Senhor Deus, por tudo que dele receberam. Nessa ocasião serão relembrados os 18 colegas que já estão na “paz do Senhor”, no “face a face com a eternidade”. Essa é uma grande ocasião para cada um, e como grupo, de todos renovarem os seus propósitos de servir ao próximo, cuidar da vida , dom por excelência dado por Deus, e que os médicos têm a missão precípua de velar. Não se pode deixar de sublinhar que essa é uma das mais belas profissões.

A programação é vasta. Alem do aspecto social, foi pensada a dimensão religiosa com muito esmero. No dia 4 de novembro será celebrada uma missa de ação de graças na igreja da Vitória presidida pelo Mons. Sadoc. Ele acompanha a caminhada desse grupo desde os 20 anos de formatura. No dia 3/11 será celebrado um culto oficiado pelo Pastor Átila, na igreja Batista da Pituba. Ele é casado com a Drª Mailde, médica e integrante dessa turma. Dessa forma se completa a ação de graças numa convergência religiosa e espiritual. Mas as comemorações continuam, pois no dia 5 de novembro haverá a grande Sessão Solene no Auditório Alfredo Brito, da referida Faculdade, ocasião em que a presença de professores convidados e outras autoridades médicas credenciadas, relembrarão os grandes dias da Escola Médica, querida de todos os ex-alunos e que marcou a história da Bahia e do país.

Dessa forma, a histórica Escola de Medicina da Bahia revive as suas origens no longíncuo 18 de fevereiro de 1808. Naquela data o Rei de Portugal, D. João VI, criou através de Carta Régia, a Faculdade de Medicina da Bahia, primeiro núcleo científico do nosso país e a mais antiga Faculdade de Medicina do Hemisfério Sul. Tendo chegado em Salvador em 22 de janeiro daquele ano, esta era uma cidade de cerca de 46.000 habitantes. A criação da Escola de Medicina foi rápida, isto é, um mês após a chegada dele, a cidade já abrigava aquela Escola que seria modelar para a ciência no nosso país.

Hipócrates, em termos de ciência, é o patrono dos médicos. Ele é contemporâneo de Sócrates. Pouco se sabe dele, a não ser que era baixo, viajava muito e morreu na cidade de Larissa. O “Corpus Hippocraticum” é a coleção de escritos aos quais o seu nome se associou. Não se sabe, com certeza histórica qual das partes dessa obra lhe pertence, com o rigor da ciência dos nossos dias. Mas a sua fama como médico ideal é modelar e ele é considerado o primeiro a tratar o corpo humano como um organismo coeso, de acordo com a visão de Platão no Fedro. Ele atribuía ao ilustre médico uma sempre crescente sabedoria no campo da medicina. Sua fama correu o mundo do seu tempo. O rei Artaxerxes mandou chamá-lo para combater uma epidemia que corroia o exército persa. Hipócrates recusou os inúmeros presentes que queriam lhe dar e respondeu ao emissário do sátrapa que aqueles presentes o inibiam de socorrer os inimigos de sua pátria.Sua missão teria que ser gratuita.

Dessa forma, com a comemoração dos 40 anos de formatura da turma de 1969, o Juramento de Hipócrates se atualiza e é por todos retomado : ele obriga o médico a curar, a fazer o bem e nunca a fazer o mal. Há ainda um paradigma pelo qual os médicos querem se espelhar. É o de Cristo, também chamado de o “Divino Médico”.

Sebastião Heber. Professor adjunto de Antropologia da UNEB, da Faculdade 2 de Julho e da Cairu. Membro do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia e da Academia Mater Salvatoris.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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