RONALDO COELHO TEIXEIRA, cearense radicado no Tocantins há 43 anos. É poeta, escritor e jornalista. Autor dos livros de poesia “Motivos”, “Mercador” e “Para que o Fantástico não se Ausente” e de crônicas “Surtos & Sustos” (2007).

  1. Quando se deu conta de que tinha aptidão para a literatura?

– Ao fazer uma redação numa aula de português na antiga 5ª série…

  1. Moacyr Scliar prefaciou seu livro de crônicas “Surtos & Sustos”. O que mais admira nesse autor?

– A grande figura humana que ele foi. Apesar de não ser um grande aficionado pelo seu trabalho, era louco para conseguir o seu livro “Saturno nos Trópicos”, um estudo da melancolia no Brasil, e ele, gentilmente, apesar de não nos conhecermos pessoalmente, enviou o livro gratuitamente para mim e autografado…

  1. Com o amplo alcance da internet, o livro obra-de-arte ainda tem espaço?

– Penso, como tantos, que há uma revolução silenciosa acontecendo nos bytes das novas tecnologias de informação. Mas penso também que o livro continuará por mais algumas décadas e talvez nem chegue a se extinguir, essa forma sua atual, que tanto encanta nosotros, os apaixonados pelos livros…

  1. Você tem parcerias musicais com Dorivã, Chiquinho Chokolate e Paulo Albuquerque. Qual a presença da música em sua vida?

– Constante. Me lembro que, deste menino, as canções populares (à época, década de 70) no interior do Brasil, o que era geralmente a hoje reaproveitada pelos neosertanejos, o brega, ficavam na minha cabeça e eu me questionava como poderiam criar novas canções se já haviam tantas…

  1. No livro de poesia, “Para que o Fantástico não se Ausente”, tem uma foto sua de cigarro na mão. Como vê essa questão do politicamente correto?

– Olha, aquela foto foi proposital. Pensei que ela nem seria aceita para compor o livro. Mas, essa ação foi feita no sentido de alertar a sociedade para essa onda crescente e burra do politicamente correto. Se não cuidarmos, uma ditadura velada ainda pode insurgir e aí seria um retrocesso. Pois, crimes contra os costumes, as tradições, o bem-estar e a cidadania a gente recebe por todos os sentidos 24 horas por dia pelos mais diversos meios de comunicação e ninguém liga. Um exemplo é a gritante e apelativa propaganda das cervejas no país, em contraponto com os crimes que os consumistas praticam principalmente na direção de veiculos…

  1. Mario Quintana e Jorge Luis Borges são dois dos autores mais presentes em sua vida de leitor. Fale de seu apreço à obra deles.

– Quintana me encantou e encanta pelos seus quintanares libertários, ou seja, sua forma de escrever clara, sucinta e poeticamente envolvente. Borges foi um grande susto, pois primeiro me encantei pela sua oralidade, um erudito no termo da palavra e um grande poeta também. E aquela sua inquietude diante do humano desafio sempre me encantou….

  1. Narciso é frequente na agenda do Ronaldo artista?

– Penso que estamos na Era de Narciso, só que agora o espelho está nas telas frias dos computadores e seus afins. Estamos cada vez mais olhando para o umbigo, enquanto Narciso ri e se deleita. Infelizmente, continuamos não percebendo o outro, e perceber no seu sentido mais amplo, sentir, ver, compreender e até mesmo perdoar, nossa única e nobre saída da condição animal/homem.

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Obrigado, Ronaldo!

Obs: Por Paulo Aires

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Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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