Dasilva 1 de outubro de 2017

Quando um grupo se entusiasma por uma causa, seu desejo é que ela se propague. Um caminho, muito estimulado, é divulgar essa ideia aos quatro ventos esperando a adesão da multidão. Outro é crescer passo a passo, até atingir a massividade.

A lição aprendida da história atesta que propostas que nascem monstras, tendem a morrer e projetos que não crescem, também morrem. É certo que não existe receita, mas o intercâmbio reuniu várias afirmações de como fazer para semear um sonho.

  1. Uma proposta justa tem utopias, valores e se liga ao momento conjuntural. Cria raízes se um ator assume esse projeto e propõe um plano para sua implantação: seleção de agentes, metas quantitativas e qualitativas, recursos, prazos, acompanhamento…
  2. Um critério determinante para conseguir adesão e merecer investimento é a eficácia do projeto. Mas, para alcançar resultados úteis, concretos e duradouros escolhe apostar em processos exemplares, experiências que podem universalizar-se.
  3. Na exemplaridade se cruzam os resultados quantitativos e qualitativos, a eficiência e a eficácia, a dimensão local e a visão geral. O caso exemplar se irradia, em recriação contínua, conforme os tempos, ritmos, regiões … e causam incidência e impacto.
  4. Priorizar não é excluir, é selecionar pessoas e atores com potencial de multiplicação. É a limitação do leque de atendimento para concentrar esforços, tempo e recursos naquela parte que, sendo ponto de partida, tem como horizonte a inclusão do todo.
  5. O pressuposto desse caminho sem pressa e sem pausa, é iniciar do menor para o maior e fazer a volta. A força real que dá corpo a um grupo, não é a quantidade de pessoas que ele mobiliza, mas o número de grupos conscientes que organiza, na base social.
  6. A coordenação é o núcleo de referência que conduz e elabora estratégias, projetos, planos. E, por um processo de convencimento, orienta à militância que, por sua vez e criativamente, transmite à sua base, que produz ondas, até atingir a massa.
  7. A direção só é capaz de elaborar a mensagem porque ausculta o povo, tem clareza do rumo, conquista referência e cultiva a habilidade pedagógica. Esse processo vira correia de transmissão que ao repassar, se reforça e ao convencer, aprende e ensina.
  8. O método é o jeito de fazer um trabalho. O método popular vê a multidão como sujeito. Mas, primeiro, descobre e prepara pessoas com potencial (histórico, econômico, político) de arrastar o conjunto e, com elas, cria núcleos de pessoas eleitas pela confiança.
  9. Tal caminho desconfia da pressa, campanismo e megalomania e reforça experiências capazes de irradiar-se na multidão. O fermento na multidão cria ondas ao contrário: a massa desafia e se incorpora na base; a base cobra e se incorpora na militância.
  10. Assim, a direção coletiva forma o núcleo, que faz trabalho de base, que move a Nesse trabalho contínuo – político, de base e de massa – se constrói a luta que debate, organiza, resolve problemas, descobre militantes e implanta uma estratégia.

Em resumo. Um projeto para irradiar-se carece de direção e núcleos que fermentem uma base social – é a base que incorpora, irradia e espalha sonhos e projetos. Sem fermento o povo não descobre a raiz, nem a alternativa da opressão. Necessita de um método de atuar e um jeito de organizar o movimento que vai semear o sonho, expresso em um projeto, dentro de uma estratégia e com agentes dedicados e preparados.. (Dia 02 de Agosto/17.)

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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