A celebração dos 50 anos da Diocese nos deixa pensando sobre o ritmo da história, e os rumos que ela vai tomando.
Como estava o mundo 50 anos atrás? Como estará o mundo daqui a 50 anos?
Para compreender a história convém tomar recuos que se medem por séculos. Mas ultimamente ela se acelerou de tal maneira, que dentro de um período de 50 anos já encontramos tantos episódios, que não permitem deixar sua análise para depois. Somos estimulados a compreender melhor não só as notícias, mas a dinâmica que vai desencadeando os acontecimentos. As correntes submarinas vão produzindo efeitos cuja vinculação com suas causas não são evidentes. Assim os fatos da história. Parecem isolados. Na verdade estão encadeados por causalidades, que nem sempre é fácil perceber.
Esta dinâmica da história não se enquadra dentro das medidas externas, como não nossos calendários. O século passado, por exemplo, para alguns historiadores, começou tarde e terminou cedo, se queremos explicitar a vinculação com alguns acontecimentos que emergem com mais nitidez na contabilidade da história. Ele teria começado em 1914, com o desencadear da primeira guerra mundial, e teria terminado em 1989, com os episódios conhecidos como a queda do socialismo real, que teve na derrubada do muro de Berlim o seu gesto mais eloqüente.
Fazer história, na verdade, é sempre uma tentativa de ler os acontecimentos dentro de nossos objetivos. Isto é válido, na medida em que nos sentimos atores da história.. Mas corre o risco de deturpar os acontecimentos, atribuindo-lhes conotações que não tiveram.
Detectar a dinâmica interna dos fatos é sempre um desafio. Vale a pena descobrir vinculações, que sem uma análise aguda não apareceriam. Se tomamos o ano de 1959, por exemplo. Aparentemente não registra nenhum fato importante. Mas se olhamos o contexto eclesial, emerge com evidência a singular importância de um acontecimento, que aliás logo foi entendido como instigador da história. Foi o anúncio de um novo concílio ecumênico, feito pelo Papa João 23, a 25 de Janeiro daquele ano. Identificado o evento, como a superfície de um iceberg, a ele podemos então vincular muitos outros, que têm tudo a ver com ele.
A Diocese de Jales, por exemplo, tem razão em fazer sua vinculação com a história, associando o dia 25 de janeiro daquele ano, com o dia 12 de dezembro, quando foi assinada a bula de sua criação. Ajuda muito a situar sua caminhada histórica de 50 anos, vinculando-a com estes dois episódios, que pareceriam sem nenhuma ligação, mas que na verdade se encadeiam profundamente.
Um rápido percurso desses últimos 50 anos, seja em referência à história mundial, seja em referência à Igreja, ou ao Brasil, revela uma evidente aceleração dos acontecimentos, que nos coloca no compromisso de pilotar bem o barco desta nave que não estaciona, mas continua acelerando a velocidade.
São muitas as referências que poderiam ser tomadas como amostra. Uma delas é o cenário político internacional. Não há dúvida de que o mundo começa a se dar conta da emergência do Brasil, como ator que tem responsabilidades especiais, sobretudo do ponto de vista da ecologia. Será capaz o Brasil de ocupar o espaço que o momento histórico está lhe reservando?
Quando lançamos a pergunta para o futuro, como estará a humanidade daqui a 50 anos, a dimensão que mais preocupa é a ecológica. Independente das feições que forem tomando os fenômenos da natureza em nosso planeta, o certo é que a humanidade começa a se dar conta, de maneira muito mais aguda, de sua responsabilidade com a criação.
Seja a propósito de 50 anos, ou de qualquer outra medida de tempo, temos sempre motivos para perceber os apelos da história, e vivê-los com responsabilidade.