Djanira Silva 29 de dezembro de 2009


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Nasceu, respirou sol, lua estrelas. Então, entre os momentos de chegar e ficar a mentira se fez. A claridade anunciou o dia, alegrou pássaros e plantas. Com a noite vieram a escuridão e o medo.
Com o tempo, apagam-se os rastros. A vida, engano de nascer, é apenas emprestada, devolve-se o que se recebeu sem pedir.
O que nos faz ir adiante é o vício de viver. Persistir é sofrimento. Mesmo sem saber o que há em frente, seguimos e perseguimos a dor, o silêncio, os mistérios do infinito.
O medo é implacável, senhor cruel que sequer sabe chamar as coisas pelo nome. Muda tudo. Manipula o pensamento e a alma.
O último passo havia sido dado e eu sabia que não poderia seguir. Detive o pensamento porque o medo de pensar me fazia covarde. Se não estivesse tão possuída por ele poderia, quem sabe, até sonhar. O medo torna-me estéril. Não posso ter ilusões. Já não posso voltar desses longos silêncios, dessas estradas misteriosas onde passos desconhecidos marcam o meu chão. Uns que vão, outros que vêm. Quais ficarão? A dúvida é grande. O medo maior. Comigo estão as dores sinalizando – parar, desistir. Nestas paradas não me reconheço. Ao longo da estrada a entrega de um mundo imprevisível. Os caminhos nunca terminam onde terminam os passos.
Trapaceio. Mudo de direção. É como querer enganar a morte. Se morrer fosse o fim não teria medo.
Nas estradas as marcas dos meus pés misturam-se à poeira dos que vão e vêm. As certezas falham. O imprevisível me espera.
Perco-me antes do fim. Nunca soube onde terminam os caminhos.

Obs: Texto retirado do livro da autora – Morte Cega –

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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