Temos pela frente uma data simbólica. Será no próximo ano, mais precisamente no dia 11 de outubro de 2012, quando se completarão 50 anos da abertura do Concílio Ecumênico Vaticano II.
         Como ponto de interesse crescente, os holofotes vão se concentrando nesta data.
          O Papa Bento VI acaba de convocar um “ano da fé”, e como moldura histórica colocou para sua abertura o dia 11 de outubro de 2012, e para sua conclusão o domingo de Cristo Rei, em novembro de 2013.
          Ao mesmo tempo, durante o mês de outubro de 2012, mês do jubileu do Concílio, será realizada a décima terceira sessão ordinária do Sínodo dos Bispos, com o tema girando em torno da nova evangelização, com enfoque sobre a transmissão da fé.
         Por sua vez, outras instâncias da Igreja estão se mobilizando em torno desta data. A CNBB já manifestou seus planos de dedicar quatro anos para celebrar o jubileu do Concílio, recordando as quatro sessões anuais de sua realização na década de 60.
         Está em andamento um amplo processo de reflexão sobre o alcance histórico deste evento singular que a Igreja viveu há 50 anos atrás. Acabam de se realizar diversas “jornadas teológicas” na América Latina e no Caribe, em vista da realização, no próximo ano, de um grande “congresso teológico latino americano”, a ter lugar no Brasil, começando no dia 12 de outubro, aniversário do início do Concílio.
        Percebe-se como esta data é referência central de todas as iniciativas. Pela diversidade de procedências, vai ficando claro que o Concílio pode ser apropriado por todos, como fato revestido de legitimidade, acontecimento já atestado pela história. Isto justifica a tentativa de recuperar seu verdadeiro significado, e perceber como sua validade ainda perdura.
          Neste sentido, recuperar a memória de um acontecimento verificado há meio século atrás se apresenta como um salutar desafio a confrontar com as fáceis tendências de esquecer o passado e abraçar a moda do último verão, neste tempo de “mudança de época”, que caracteriza a sociedade de hoje.
         Para muita gente, um acontecimento de 50 anos já está mais do ultrapassado, e não desperta nenhum interesse em analisar sua consistência.
          Como Marta, parecem estar nos advertindo que já faz muito mais do que quatro dias que tentaram sepultar o Vaticano II! Acontece que o Concílio não morreu.
          Mostrar que nem tudo muda, nesta época de tantas mudanças, é interessante e salutar. Nesse ponto, dá para esperar convergências surpreendentes, que podem ser bem integradas, assim esperamos. Pois a celebração de um evento ocorrido há meio século atrás, ajuda a perceber que, de fato, é bom termos medidas mais estáveis e duradouras, para verificar o alcance dos passos que a história vai dando, ainda mais numa época como esta, com seu dinamismo de mudanças rápidas. Os que vivenciam mais convictamente esta dimensão conservadora, acabam nos ajudando, desta vez, a valorizarmos um fato já transcorrido há um bom tempo, mas que ainda conserva seu valor.
          Quem sabe, como primeiro fruto desta disposição de reviver um acontecimento passado, seja a disposição de colocar-nos todos de acordo que convém ponderar bem os valores apontados pelo Concílio Vaticano II.
          Assim, poderemos valorizar a história, e ao mesmo tempo perceber que ela não nos amarra ao imobilismo, mas ao contrário nos impulsiona a avançar. Assim, no Concílio podemos identificar um passado que continua no presente, e um presente que se fundamento nas lições do passado.
Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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